Oposição da Venezuela apresentará nesta terça assinaturas para referendo contra Maduro
A coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) entregará a lista ao Conselho Nacional Eleitoral
A oposição venezuelana apresentará nesta terça-feira as assinaturas para ativar um referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta um crescente descontentamento popular devido ao agravamento da crise econômica. A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que tem maioria no Parlamento, afirma que conseguiu reunir 2,5 milhões de assinaturas em todo o país, quase 13 vezes mais do que as 195.721 (1% do padrão eleitoral) exigidas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), para então solicitar o início do processo.
“Nos deram 30 dias, a partir de terça-feira 26 de abril, para recolher as assinaturas. Nós o fizemos em tempo recorde”, afirmou neste domingo o porta-voz da oposição, Jesús Torrealba. Ele afirmou que as assinaturas serão apresentadas na terça-feira ao CNE. O órgão é acusado pela oposição de ser aliado do governo.
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O CNE deverá validar o número de assinaturas em um prazo de cinco dias e, depois, convocar os signatários a ratificar o apoio em outros cinco dias contínuos. Apenas depois da validação, o Conselho autorizaria a coleta de quatro milhões de assinaturas necessárias para convocar o referendo. Para revogar Maduro, o “Sim” deve obter mais dos que os 7,5 milhões de votos que ele recebeu após a morte de Chávez em 2013 para completar o período de seis anos.
Há, porém, uma controvérsia em relação à data em que o CNE deverá dar início à validação dos votos. Embora a MUD planeje entregar a lista nesta terça-feira, parte da diretoria do Conselho considera que, para começar a verificação das assinaturas, “é necessário cumprir o período de 30 dias fixado para a coleta de 1%” do padrão, ou seja, a partir de 26 de maio. Já a oposição, que acredita na convocação do referendo no fim do ano, afirma que a verificação deve começar assim que as assinaturas forem apresentadas.
Discurso – No poder desde 2013, após a morte de seu mentor Hugo Chávez, Maduro anunciou que formou uma comissão para revisar as assinaturas. “O referendo é uma opção, não uma obrigação. Aqui, a única coisa que é obrigação são as eleições presidenciais, que acontecerão em dezembro de 2018. É a única obrigação que temos”, disse o presidente venezuelano a milhares de simpatizantes por ocasião do Dia do Trabalhador.
No mesmo discurso, Maduro ainda convocou seus partidários a declararem em “rebelião pacífica” caso deixe o poder. “Se, algum dia, a oligarquia fizer algo contra mim e conseguirem tomar este palácio, por uma via, ou por outra, eu ordeno a vocês que se declarem em rebelião e decretem uma greve geral indefinida, até obter a vitória frente à oligarquia. Uma rebelião popular com a Constituição na mão”.
(Com AFP)