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No último discurso sobre o Estado da União, Obama diz que é preciso “consertar a política”

Presidente americano faz tradicional pronunciamento anual ao Congresso, o último de seu governo. Apesar do tom otimista, ele reconhece que fosso entre partidos aumentou – e que, em ano eleitoral, não há muito o que se possa fazer

Por Da Redação
12 jan 2016, 23h59

Em seu último discurso sobre o Estado da União, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apontou distorções do sistema eleitoral, reafirmou a importância de “debates mais elevados em Washington” e defendeu a necessidade de “consertar a política” norte-americana. “O futuro que queremos – oportunidades e segurança para nossas famílias; melhor qualidade de vida; e um planeta pacífico e sustentável para nossos filhos – tudo isso está ao nosso alcance. Mas isso só acontecerá se trabalharmos juntos. Isso só vai acontecer se pudermos ter debates racionais, construtivos”, afirmou no Congresso americano, em discurso que começou por volta das 21 horas desta terça-feira (meia-noite em Brasília) e durou pouco mais de uma hora. “Isso só vai acontecer se consertarmos nossa política.”

Bastante aplaudido, Obama ressaltou que uma política melhor não significa que todos devem concordar sobre todos os temas. “Este é um grande país, com diferentes atitudes e interesses. Esse é um dos nossos pontos fortes”, disse. “Mas a democracia exige laços básicos de confiança entre os seus cidadãos. Ele não funciona se pensarmos que as pessoas que discordam de nós estão todas motivadas por malícia ou que os nossos adversários políticos são antipatrióticos […] Nossa vida pública murcha quando apenas as vozes mais extremadas conseguem a atenção. Acima de tudo, a democracia falha se a pessoa comum sente que sua voz não importa.” O discurso do Estado da União ocorre todos os anos no Congresso e é transmitido em cadeia nacional de TV e rádio. É um dos eventos mais importantes no calendário político dos Estados Unidos.

Arrependimento – Dirigindo-se aos congressistas, Obama disse que: “Há muitas pessoas nesta Casa que gostariam de ver mais cooperação, um debate mais elevado, mas se sentem presas às necessidades eleitorais”. Em seguida, disse que irá percorrer o país para pressionar por mudanças. “Temos de reduzir a influência do dinheiro em nossa política. Temos que tornar a votação mais fácil, não mais difícil.” Ao apontar distorções do sistema eleitoral, ele considerou que são muitas as pessoas que acreditam que as regras são manipuladas para favorecer os mais ricos e poderosos. “É um dos poucos arrependimentos da minha presidência: que o rancor e a desconfiança entre os partidos tenham se agravado. Sem dúvida um presidente com o talento de Lincoln ou Roosevelt poderia ter construído mais pontes, e eu garanto que vou continuar tentando melhorar enquanto ocupar a presidência.”

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Economia – Obama iniciou seu discurso reconhecendo que, em plena temporada eleitoral nos EUA, “as expectativas do que vamos conseguir este ano são baixas”. No entanto, afirmou que seguirá lutando para reformar o “falido” sistema de imigração, para “proteger” os cidadãos da violência das armas de fogo e o aumento do salário mínimo. Seu pronunciamento foi organizado sobre quatro eixos: economia, tecnologia e inovação, segurança e, por fim, política. Sobre a economia, mostrou-se orgulhoso da recuperação econômica durante seus dois mandatos. “Os EUA têm a economia mais forte e mais duradoura do mundo. Mais de 14 milhões de novos postos de trabalho, os dois anos de maior crescimento de emprego desde a década de 1990, o desemprego reduzido pela metade. Qualquer um que diga que a economia dos EUA está em declínio está vendendo ficção”, disse.

Apesar da recuperação econômica, Obama admitiu que “muitos americanos” estão preocupados porque a economia “vem sofrendo mudanças profundas” ao citar a substituição de postos de trabalho por novas tecnologias, a liberdade de movimento internacional para as empresas e o aumento das desigualdades. “As companhias em uma economia global podem se situar em qualquer lugar, e enfrentam maior concorrência. Como resultado, os trabalhadores têm menor capacidade de negociação. As empresas são menos fiéis a suas comunidades e a riqueza está cada vez mais concentrada nas mãos dos mais ricos”, opinou Obama. Para o presidente dos EUA, todos esses fatos “achataram” os trabalhadores, “inclusive os que têm trabalho e, inclusive, quando a economia está em crescimento”, e fizeram com que hoje em dia seja “mais difícil” para uma família trabalhadora sair da pobreza, para os jovens começarem suas carreiras profissionais e para os trabalhadores se aposentarem.

Clima – Ao tratar de tecnologia e inovação, o presidente americano garantiu que pressionará por “mudanças” na forma como os Estados Unidos gerenciam recursos como o petróleo e o carvão, redobrando assim sua aposta em energias limpas e a luta contra a mudança climática. “Em vez de subsidiar o passado, devemos investir no futuro, especialmente nas comunidades que vivem dos combustíveis fósseis. Por isso vou pressionar para mudar a maneira como gerenciamos nossos recursos de petróleo e de carvão, para que vocês reflitam melhor sobre os custos que representam para os contribuintes e o planeta”, afirmou Obama.

Obama também anunciou uma “nova campanha nacional” para combater o câncer, com a qual pretende aumentar os recursos públicos e privados para lutar contra a doença. “Pelos entes queridos que perdemos, pela família que ainda podemos salvar, façamos com que os Estados Unidos sejam o país que consiga curar o câncer de uma vez por todas”, afirmou Obama durante o último discurso de sua presidência sobre o Estado da União no Congresso.

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Estado Islâmico – Ao tratar de segurança, Obama assegurou que o Estado Islâmico “não ameaça a existência” dos Estados Unidos, mas pediu ao Congresso que aprove uma base legal específica para a campanha militar contra os terroristas. “Enquanto nos concentramos em destruir o EI, as mensagens exageradas de que esta é a Terceira Guerra Mundial somente beneficiam” os jihadistas. “Eles não ameaçam nossa existência. Essa é a história que o EI quer contar, é o tipo de propaganda que eles usam para recrutar.

China – Obama emendou a defesa da campanha contra o EI com considerações sobre a política externa americana. Falou do pacto nuclear assinado com o Irã e discorreu sobre a Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), ambicioso acordo de livre comércio com Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã. ‘Com o TPP, a China não dita as normas nessa região, mas nós’, garantiu. E, dirigindo-se ao Congresso, pediu: “Aprovem este acordo. Deem-nos as ferramentas para sua aplicação’ se querem “demonstrar nossa força neste século”.

Cuba – Ainda dirigindo-se aos parlamentares americanos, Obama pediu que reconheçam que “a Guerra Fria terminou” e suspenda o embargo comercial a Cuba, agora que os dois antigos inimigos restabeleceram suas relações diplomáticas. “Vocês querem consolidar nossa liderança e credibilidade no continente? Reconheçam que a Guerra Fria terminou. Suspendam o embargo”, disse.

Exaltação – Após suas considerações sobre a política americana, o quarto e mais destacado eixo de seu discurso, Obama encerrou o pronunciamento exaltando o país que “acredita que a verdade desarmada e o amor incondicional terão a palavra final”, citando Martin Luther King. “Por isso estou confiante em que o Estado da União é forte”.

(Da redação)

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