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Obama é obrigado a entrar no pântano do combate ao EI no Iraque e na Síria

Presidente anuncia que vai autorizar ataques aéreos na Síria, treinamento de rebeldes moderados no país e o envio de mais consultores para o Iraque

Por Da Redação
10 set 2014, 22h32

Há exatamente um ano, perdido no labirinto da crise na Síria, o presidente Barack Obama fez um pronunciamento vacilante, que não o livrou da pecha de ser “fraco e hesitante” na condução da política externa dos Estados Unidos. Trezentos e sessenta e cinco dias depois, mudou a crise na Síria, agravada de maneira alarmante com o avanço do Estado Islâmico e suas decapitações, crucificações e execuções sumárias. No que concerne ao presidente, apesar da mudança do ‘não’ à intervenção militar no ano passado, para o ‘sim’ a uma ação contra os jihadistas este ano, a posição pouco mudou. Ele voltou a lançar mão de declarações genéricas, ao falar em “esforço firme e incansável” contra o terror. “Nosso objetivo é claro: nós vamos desintegrar e, finalmente, destruir o EI por meio de uma estratégia contraterrorista ampla e sustentável”, disse.

Em seu pronunciamento nesta quarta-feira, Obama detalhou qual vai ser a estratégia contra o Estado Islâmico. O plano inclui a autorização para ataques aéreos na Síria, o treinamento e fornecimento de equipamentos para rebeldes sírios e o envio de mais 475 consultores americanos para o Iraque.

“Eu deixo claro que vamos caçar terroristas que ameaçam nosso país, não importa onde eles estejam. Isso significa que eu não vou hesitar em agir contra o Estado Islâmico na Síria, assim como no Iraque. Esse é um princípio fundamental da minha presidência: se você ameaça a América, você não vai encontrar refúgio”, disse Obama, afirmando ainda que não é possível trabalhar com o ditador sírio Bashar Assad.

O presidente fez ainda questão de afirmar que o envio de consultores adicionais e os novos ataques contra os terroristas não significam um envolvimento similar ao que os americanos viveram no Iraque na última década.

Dessa forma, perto de eleições legislativas marcadas para novembro, Obama viu-se obrigado a abordar novamente um tema que pretendia deixar no passado: guerra. Não sem antes dar ao menos dois tropeços, um deles ao dizer que ainda não tinha uma estratégia para enfrentar os terroristas na Síria, e o mais flagrante, ao ir jogar golfe imediatamente após condenar a decapitação do jornalista americano James Foley e prometer ser implacável com os jihadistas. Depois disso, outro cidadão americano foi brutalmente executado pelo EI, e o apoio dos americanos a ataques contra o grupo disparou. As críticas de que Obama demorou demais para reagir ao ressurgimento de forças radicais islâmicas também aumentaram e vieram até mesmo da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, candidatíssima em seu esforço para se descolar dos erros do governante antes de lançar uma campanha presidencial para 2016. Diante de um cenário assim, o presidente foi obrigado a traçar uma estratégia para conter uma ameaça que o público interno passou a considerar de interesse nacional – pesquisa recente do Wall Street Journal e da NBC News apontou que 61% dos americanos consideram importante uma ação militar contra os terroristas, contra apenas 21% que eram a favor de uma intervenção na Síria no mesmo período do ano passado.

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Em artigo publicado nesta semana no WSJ, Gerald F. Seib observa que “um presidente tem muitos poderes, mas o poder de controlar totalmente a maré da história que se forma ao seu redor não é um deles”. Uma ação militar no Oriente Médio impõe-se novamente como prioridade na agenda americana, embora Obama preferisse dedicar o que lhe resta de governo a assuntos internos, economia, meio ambiente e direitos civis, como anunciou em seu discurso de posse para o segundo mandato, em janeiro do ano passado. Mesma oportunidade em que proclamou o ‘fim de uma década de guerra’. Só que não.

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Ao menos desta vez, além do apoio dos americanos, o presidente também deverá contar com a aprovação do Congresso, que está discutindo propostas legislativas destinadas a amparar a autoridade de Obama e autorizar de maneira explícita as ações militares contra os terroristas, incluindo o treinamento de grupos rebeldes sírios considerados moderados. O presidente americano também quer ter aliados internacionais ao seu lado, reforçando que uma coalizão vai se dedicar a exterminar o Estado Islâmico. Na última sexta-feira, a administração Obama anunciou a formação de uma aliança com Grã-Bretanha, França, Alemanha, Canadá, Turquia, Itália, Polônia, Dinamarca e Austrália destinada exclusivamente a enfrentar os extremistas. A Turquia é crucial para o esforço contra o EI, mas o país tem evitado assumir uma posição mais concreta por haver dezenas de reféns turcos nas mãos dos jihadistas.

Estado Islâmico – Antes conhecido como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), o grupo é formado por jihadistas sunitas e opera há anos no Iraque, mas sua ameaça cresceu a partir de junho deste ano, quando combatentes tomaram Mosul, a segunda maior cidade do país. A organização domina um terço dos territórios da Síria, onde está baseada, e do Iraque, e segue com seu plano de instalar entre os rios Tigre e Eufrates o princípio de um califado de índole brutal e expansionista.

Os crimes bárbaros cometidos pelo EI e o potencial desestabilizador das suas ações foram condenados por países tão diferentes como EUA e Irã. As Nações Unidas apontaram que o EI pretende instalar um “mundo sanguinário” nas áreas sob seu controle. Os ataques aéreos americanos já resultaram na morte de dezenas de terroristas. EUA, Grã-Bretanha, Alemanha, França e outros países europeus também passaram a fornecer armas ao governo do Curdistão iraquiano e a Bagdá para ajudar no combate.

Os EUA também incentivaram a renúncia do primeiro-ministro Nouri al Maliki, o que abriu caminho para a formação de um novo governo no Iraque que se espera, seja de “união nacional” e atraia sunitas para formar uma frente ampla contra os jihadistas. Na Síria, contudo, o regime de Bashar Assad insiste que o combate aos terroristas deve ser feito de forma coordenada com as forças sírias, uma forma de conseguir alguma legitimidade diante das potências ocidentais.

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