O futebol dá as boas-vindas aos refugiados na Europa
O Bayern de Munique, o principal clube alemão, prometeu criar um campo de treinamento para refugiados e destinar 1 milhão de euros para projetos voltados aos imigrantes
Os refugiados que conseguem transpor todas as barreiras físicas e burocráticas no difícil caminho até a Alemanha são bem recebidos no país. Mas um grupo específico tem proporcionado uma calorosa recepção aos imigrantes: os clubes de futebol e seus torcedores. Mesmo antes da imagem do menino Aylan Kurdi, morto afogado em uma praia turca, chocar o mundo, torcedores começaram a levar a diversos jogos do campeonato alemão cartazes dando as boas-vindas aos refugiados.
O exemplo mais recente desse acolhimento aconteceu em Hamburgo, no norte da Alemanha. O St.Pauli, time da segunda divisão do futebol alemão, distribuiu 1.000 ingressos para refugiados recém-chegados ao país para a partida de terça-feira contra com o Borussia Dortmund, no estádio Millerntor. Os jogadores entraram em campo na companhia de crianças refugiadas.
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O Bayern de Munique, o principal clube alemão, prometeu criar um campo de treinamento para refugiados e destinar 1 milhão de euros (mais de 4 milhões de reais) para projetos voltados aos imigrantes. Outros países seguiram o mesmo caminho. O espanhol Real Madrid, o italiano Roma e o francês Paris St.Germain anunciaram doações de quantias semelhantes. O clube português Porto sugeriu que os clubes doassem 1 euro para cada ingresso vendido para os jogos da Liga dos Campeões.
Além da doação direta à causa humanitária dos refugiados, o investidor americano Jim Pallotta, dono do clube italiano Roma, desenvolveu iniciativas para engajar seus torcedores e outros clubes na questão. “Nenhuma clube europeu é uma cidade ou país específico. Veja: nós temos jogadores de nacionalidade egípcia, bósnia e africana. Muitos jogadores têm relação direta com os países de origem dos refugiados”, disse Pallotta ao jornal americano The New York Times.
Na partida de boas-vindas do St.Pauli, na noite de terça-feira, dia 8, dois jogadores do Borussia Dortmund em campo pertencem a famílias que fugiram de zonas de conflito, na antiga Iugoslávia. Na arquibancada, os refugiados que ganharam ingressos para o jogo do St. Pauli viram seu novo ‘time do coração’ perder por 2 a 1, mas ficaram lado a lado com bandeiras que diziam ‘Refugees Are Welcome Here’ (Refugiados são bem-vindos aqui). Eles retribuíram o presente com largos sorrisos e mensagens de agradecimento escritos em cartazes improvisados.
“Que pena que perdemos”, disse um sírio ao jornal NYT na saída do estádio. “Nós podemos ajudar a construir uma sociedade aqui. Esta foi a única sociedade que nos deu a oportunidade de ser parte dela”.
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(Da redação)