Nigéria: Boko Haram ataca seções eleitorais e ao menos 15 morrem
Em dois vilarejos, jihadistas atiraram contra cidadãos, queimaram cédulas de voto e ordenaram às pessoas que não participassem das eleições presidenciais deste sábado
Ao menos quinze pessoas morreram neste sábado em ataques a centros de votação na Nigéria, que realiza eleições presidenciais sob forte tensão. Segundo a polícia, jihadistas do grupo Boko Haram atiraram em cidadãos, incluindo um político. Os primeiros ataques foram registrados no Estado de Gombe, onde ao menos oito pessoas morreram nos vilarejos de Birin Bolawa e Birin Fulani, que os terroristas invadiram com diversos veículos, segundo as fontes policiais. Entre as vítimas estava um candidato da oposição à Assembleia de Dukku, cidade localizada em Gombe – o país também tem eleições legislativas neste sábado.
Além de atirar contra os cidadãos, os agressores queimaram cédulas de voto. Depois, percorreram os vilarejos para incendiar veículos e ordenaram às pessoas que não saíssem de casa e não participassem das eleições, que deveriam ter ocorrido em 14 de fevereiro mas foram transferidas para este sábado de modo a tentar garantir mais segurança.
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O Estado de Gombe é constante palco de atentados do grupo jihadista que atua no norte do país. Outras três mortes ocorreram no Estado de Yobe e atiradores mataram ainda um soldado nigeriano em uma emboscada na cidade petroleira de Port Harcourt, no sul. A cidade é um reduto de apoio ao presidente Goodluck Jonathan, mas tem uma longa história de violência política.
Jonathan busca a reeleição, mas enfrenta críticas por seu fracasso em enfrentar o Boko Haram. O que se tornou, obviamente, munição para seu rival, Muhamadu Buhari, com quem deve travar uma disputa acirrada. Buhari é um general da reserva do Exército nigeriano, ex-ditador assumiu o comando do país há três décadas, em um golpe militar, passando a controlar a imprensa e a prender opositores. Desde então, ele já tentou voltar ao poder três vezes, sendo derrotado nas eleições de 2003, 2007 e 2011.
Além dos atentados durante as eleições, a Nigéria também teme manifestações violentas entre a população civil. Tradicionalmente dividido, o país tem o sul mais rico e majoritariamente cristão, e o norte sendo mais empobrecido e lar de uma maioria muçulmana. Para tentar acalmar os ânimos, os candidatos assinaram na capital Abuja um pacto pela paz com o apoio e a presença do ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. Nas últimas eleições presidenciais, em 2011, centenas de pessoas morreram em protestos e confusões após a comissão eleitoral anunciar a vitória de Jonathan sobre Buhari.
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(Com agências Reuters e EFE)