Miliband renuncia como líder trabalhista britânico após derrota em eleição
A vitória acachapante dos conservadores foi considerada uma grande conquista para David Cameron, que era questionado como líder dentro do seu próprio partido
(Atualizada às 10h19)
Ed Miliband, líder do Partido Trabalhista britânico, o maior da oposição, renunciou ao posto nesta sexta-feira após a dura derrota sofrida pelo partido nas eleições gerais realizadas no país. Ao informar a renúncia, Miliband disse que assumia “a total e absoluta responsabilidade” pela derrota e que ligou pela manhã para o primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron, para dar os parabéns pela vitória nas urnas. Os trabalhistas conseguiram 232 cadeiras na Câmara dos Comuns do parlamento britânico, muito abaixo do número previsto pelas pesquisas, que girava em torno de 280 assentos.
O político opositor também lamentou que muitos de seus companheiros de legenda perderam cadeiras, entre eles o líder trabalhista na Escócia, Jim Murphy. “O Reino Unido precisa um Partido Trabalhista forte. O Reino Unido precisa de um Partido Trabalhista que possa ser reconstruído depois deste debate interno para que possamos ter um governo que defenda outra vez a classe trabalhadora”, acrescentou Miliband, em referência ao seu desejo de ver o partido voltar ao poder. Ao comunicar oficialmente a renúncia, também disse que chegou o momento de “outra pessoa assumir a liderança”.
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Segundo Norman Smith, analista político da rede britânica, a vitória de Cameron representa uma “conquista colossal” para os conservadores. Apenas uma vez antes na história recente da Grã-Bretanha um governo em exercício aumentou a sua maioria no Parlamento – com Margareth Thatcher em seu auge, na década de 1980. O resultado também é considerado como uma vitória pessoal significativa para Cameron, que enfrentava rejeição dentro de seu próprio partido, que tinha uma ala que desconfiava de sua capacidade para liderar e vencer o pleito. “Em vez de uma potencial oportunidade de livrar-se de David Cameron, como queriam seus próprios colegas, a eleição deu a ao primeiro-ministro a oportunidade de governar com uma maioria extremamente confortável”, escreve Smith.
Segundo a apuração dos resultados, os conservadores conquistaram 330 das 650 cadeiras disponíveis no Parlamento, quatro a mais que a maioria absoluta da Casa (326). Falta apenas a apuração em um distrito para finalizar a contagem de votos na Grã-Bretanha.
Antieuropeus – O líder do partido Ukip, que é abertamente contra a União Europeia (UE) e a presença de imigrantes, não conseguiu uma vaga no Parlamento, colocando em dúvida a liderança do político dentro da legenda. Nigel Farage ficou em segundo lugar na disputa pelo assento de South Thanet, no sudeste da Inglaterra, com 16.026 votos, atrás do candidato do Partido Conservador, que recebeu 18.838 votos.
Farage, que comandou praticamente sozinho o crescimento de seu partido, disse em março que deixaria a liderança da legenda se não fosse eleito para o Parlamento. Ele não comentou sobre seu futuro após o resultado da eleição, mas disse que sentia que “um peso enorme havia saído de seus ombros”.
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O Ukip quer retirar a Grã-Bretanha da União Europeia e foi o maior partido na eleição britânica para o Parlamento Europeu em maio de 2014, com 27%. Mas sua popularidade caiu no último ano e a legenda conseguiu apenas um assento no Parlamento de Westminster.
(Da redação)