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Mesmo sem provas, Rússia condena cineasta ucraniano a 23 anos de prisão

Para a Anistia Internacional, o processo foi uma farsa para punir dissidentes. Cineastas como Ken Loach e Pedro Almodovar pediram a Putin a libertação de Oleg Sentsov

Por Da Redação
25 ago 2015, 14h52

Uma corte russa condenou o diretor de cinema ucraniano Oleg Sentsov a mais de 20 anos de prisão por ter executado dois ataques terroristas e planejado um terceiro na península da Crimeia, depois que ela foi anexada ao território russo no ano passado. A principal testemunha ouvida no caso, Alexander Kolchenko, afirmou que seu depoimento foi extorquido sob tortura. Segundo ele, nenhum “ato de terrorismo” foi cometido, com exceção de um incêndio em que ninguém se machucou e com o qual Sentsov não teve envolvimento. Mesmo assim, os promotores solicitaram uma pena de 23 anos para o cineasta e de 12 anos para Kolchenko, julgado junto com Sentsov e condenado após confessar o ataque incendiário à sede do partido Rússia Unida, em Simferopol, capital da Criméia. Kolchenko ateou fogo à sede da legenda “devido a seu desacordo com a política do partido” que apoia o presidente russo Vladimir Putin.

Segundo a organização humanitária Anistia Internacional (AI), a condenação faz parte da estratégia de “propaganda” da Rússia para punir dissidentes. Sentsov afirmou ter sido torturado pelos investigadores, que encobriram os hematomas em seu corpo, afirmando que foram causados por práticas sadomasoquistas. “Todo este julgamento foi desenhado para enviar uma mensagem. É parte da guerra de propaganda contra a Ucrânia e lembra a era stalinista dos juízos contra dissidentes”, afirmou Heather McGill, pesquisadora da AI para a Europa e Ásia, em comunicado emitido na sede da organização, em Londres. Para a ativista, o processo contra Sentsov foi “terrivelmente defeituoso”, em parte pelas “críveis acusações de torturas e outros abusos que foram ignorados” pelo tribunal.

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Em declaração à corte na semana passava, Oleg Sentsov afirmou que não aceitaria nenhum acordo proposto pelos investigadores, que o torturaram e pressionaram para confessar. “Quando eles colocam um saco na sua cabeça e te batem um pouco, meia hora depois você está pronto para renegar suas crenças, confessar o que eles pedirem, denunciar os outros, só para que eles parem de te bater”, disse.

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Após saber da sentença, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, que pediu várias vezes pela libertação do cineasta, criticou a decisão do tribunal russo. “Oleg, resista. Chegará a hora que aqueles que organizaram esta farsa judicial contra você se sentarão no banco dos réus”, escreveu em sua conta no Twitter. Grandes cineastas internacionais, entre eles Mike Leigh, Ken Loach e Pedro Almodovar assinaram uma carta aberta a Putin pedindo a libertação de Sentsov e uma investigação sobre as acusações de tortura. Sentsov dirigiu o longa-metragem Gamer, de 2011. No ano passado, parou de trabalhar em seu novo filme quando a Rússia começou a intervir na Criméia. Ele coordenou os esforços de ajuda para libertar os soldados ucranianos que foram bloqueados dentro de suas bases pelas tropas russas.

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(Da redação)

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