Nicolás Maduro reage às declarações dadas pelo presidente da Guiana a VEJA
'Coloque-se de acordo com o seu próprio cérebro', disse o venezuelano, que ficou irritado com as afirmações dadas por David Granger em entrevista nas páginas amarelas
Em discurso na televisão estatal, o presidente venezuelano Nicolás Maduro comentou declarações dadas pelo presidente da Guiana, David Granger, para a revista VEJA. “Coloque-se de acordo com seu próprio cérebro. Ou me pede boas relações ou vai continuar com suas provocações. Um dos dois”, disse Maduro em uma transmissão feita do Palácio Miraflores, a sede do poder executivo em Caracas.
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Na edição de VEJA de 16 de setembro, Granger afirmou que “a Venezuela tem obstruído consistente e persistentemente nosso desenvolvimento econômico nos últimos cinquenta anos”. Ele disse que, embora nenhuma empresa tenha deixado a Guiana por causa das ameaças militares e reivindicações territoriais e marítimas, muitas hesitam em investir no seu país.
Na sua fala, Maduro ameaçou interromper o acordo que estabelece a venda de petróleo a preços subsidiados para a Guiana em troca da importação de arroz. Em menos de dois minutos, teve tempo para divagar nas mais diversas conspirações. “Nós íamos reativar a Petrocaribe, a energia, o intercâmbio por arroz, o intercâmbio por comércio. E vem e nos dão essa patada de Miami… Essa patada desde Washington… O chanceler… E agora o presidente David Granger hoje. Assim não”. O venezuelano disse que Granger está “de joelhos ao império estadunidense”.
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Na entrevista para VEJA, Granger recusou-se a comentar assuntos internos da Venezuela, mas em vários momentos deixou evidente as diferenças que o distinguem do seu vizinho bolivariano. Sobre a tendência de países produtores de petróleo de se tornarem autoritários, prometeu criar um fundo soberano para ter certeza de que o dinheiro não será desperdiçado. Granger ainda insistiu na defesa da liberdade editorial, mesmo para veículos que são propriedade do governo.
Granger afirmou que a população do Essequibo, área que está sendo reivindicada pelo governo venezuelano, não tem qualquer desejo de mudar de nacionalidade. “Esses cidadãos votam nas eleições da Guiana. Têm certidão de nascimento e passaporte guianeses. Recentemente, ocorreu uma conferência dos chefes das tribos indígenas, muitas das quais estão localizadas perto da fronteira. Eles publicaram uma resolução em que expressaram solidariedade ao meu governo na resistência à agressão venezuelana. A ONU também mandou uma delegação para lá, que conversou com vários habitantes. Ninguém apoiou a reivindicação venezuelana. Posso dizer com segurança que estamos todos unidos nisso”, disse Granger.