Kiev propõe três anos de autonomia para regiões do leste
Proposta do presidente Petro Poroshenko também prevê novas eleições locais em novembro e a liberação do uso do idioma russo 'na vida pública e privada'
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, propôs nesta segunda-feira três anos de autonomia para determinadas áreas das regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk em um projeto de lei que será enviada nesta terça-feira para a Rada Suprema (o Parlamento ucraniano). O documento afirma que o “regime especial de autogoverno local será aplicado em zonas de Donetsk e Lugansk” que estão dentro do território onde desde abril está sendo realizada uma operação antiterrorista lançada por Kiev para combater milícias separatistas pró-Rússia.
Embora não tenha sido especificado pelo presidente ucraniano, entende-se que as zonas mencionadas são as áreas sob controle dos separatistas pró-Rússia, cerca de um terço do território de Donetsk e Lugansk, regiões orientais na fronteira com a Rússia. Para consolidar a autonomia temporária, Poroshenko pediu aos deputados que aprovem a convocação nestas regiões de eleições locais para 9 de novembro, para que assim escolham seus novos representantes perante Kiev.
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No entanto, a proposta estabelece como condição para uma maior autonomia que os rebeldes larguem as armas no prazo de um mês, desalojem os edifícios administrativos e libertem todos os reféns em seu poder. O governo de Kiev também se compromete a garantir o uso do idioma russo “na vida pública e privada, na educação” – uma das principais demandas dos insurgentes.
O projeto de lei será enviado amanhã para ser debatido na Rada Suprema, onde não está certo que receba o apoio majoritário dos deputados, pois muitos parlamentares estão descontentes com as concessões realizadas ultimamente por Poroshenko. Kiev e os separatistas assinaram em 5 de setembro um protocolo em Minsk, na Bielorrússia, que incluía um cessar-fogo, a troca de prisioneiros de guerra e a abertura de corredores humanitários. Embora a trégua tenha sido quebrada por alguns confrontos pontuais, a acordo de cessar-fogo diminuiu a intensidade dos conflitos e abriu caminho para uma solução pacífica.
Fiscais – Seis monitores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) ficaram sob fogo de artilharia e foram encurralados por três horas em um vilarejo ao sul de Donetsk na tarde deste domingo, reporta nesta segunda o jornal New York Times (NYT). Nenhum dos membros da OSCE ficou ferido, mas os dois veículos blindados em que eles estavam foram danificados pelos ataques. Michael Bociurkiw, porta-voz da missão da OSCE na Ucrânia, lamentou o episódio e afirmou que os funcionários “precisam de um ambiente seguro para trabalhar pela paz”.
(Com agências EFE e Reuters)