Junta médica do caso Nisman entrega dois relatórios com conclusões distintas
As equipes de peritos oficiais e da acusação se desentenderam e entregaram dois documentos distintos à procuradora responsável por investigar a morte do procurador-geral
A junta médica de peritos oficiais e da acusação responsável por esclarecer alguns pontos de discordância nas investigações sobre a morte do procurador-geral argentino Alberto Nisman se desentendeu e entregou nesta quarta-feira dois relatórios com conclusões diferentes, reporta o jornal Clarín. A promotora Viviana Fein, encarregada da causa que busca esclarecer os fatos envolvendo a morte de Nisman, recebeu nesta quarta os dois relatórios, um dos peritos oficiais e outro dos peritos da denúncia, mas não emitiu nenhum comentário sobre eles.
O documento oficial foi assinado por um grupo chamado de ‘governista’ pela imprensa, por contar com funcionários de órgãos subordinados ao Executivo, como peritos do Instituto Médico Legal, que realizaram a autópsia, e técnicos da divisão de medicina legal da Polícia Federal e o representante de Diego Lagormarsino, ex-colaborador de Nisman e único acusado até o momento, já que havia emprestado ao promotor a arma que o matou.
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Já os peritos da denúncia entregaram seu relatório separadamente e mantêm discordâncias em relação ao outro grupo, especialmente sobre a hora de morte de Nisman, que situam em algum momento da tarde ou da noite de sábado, 17 de janeiro, enquanto o documento oficial afirma que o promotor morreu entre a manhã e o meio-dia de domingo, dia 18. Segundo as informações que vazaram, os peritos oficiais também chegaram à conclusão que Nisman agonizou por um curto período após o disparo e que o procurador se encontrava de pé, em frente ao espelho do banheiro de seu apartamento, e não de joelhos, como afirma a denúncia.
A data e hora da morte, a posição do corpo de Nisman e a existência de espasmo cadavérico são três das principais diferenças entre as opiniões dos dois grupos de peritos. A denúncia, liderada pela ex-mulher de Nisman, a juíza Sandra Arroyo Salgado, garante que o procurador foi assassinado e os peritos que a representam não assinaram o relatório oficial. A promotora Viviana deverá agora comparar os dados dos relatórios com o documento que será elaborado por uma junta criminalística.
Nisman, promotor especial que investigava o atentado contra a associação israelita Amia, que deixou 85 mortos em 1994, foi encontrado morto no dia 18 de janeiro com um tiro na cabeça, quatro dias depois de ter acusado a presidente argentina, Cristina Kirchner, de orquestrar um plano para acobertar os suspeitos iranianos acusados de serem os autores do ataque. A denúncia de Nisman contra Cristina e outros funcionários do governo já foi arquivada pela Justiça e, quatro meses depois de iniciada a investigação, o falecimento do procurador-geral ainda não foi esclarecido e é oficialmente considerado como “morte duvidosa”. Em reportagem exclusiva, VEJA revelou que ex-integrantes da cúpula do venezuelano Hugo Chávez confirmaram a conspiração denunciada por Nisman.
(Da redação)