Investigação conclui que indianas encontradas enforcadas em maio cometeram suicídio
Polícia federal do país descartou tese de que elas teriam sido estupradas e assassinadas
(Atualizado às 13h44)
Investigadores indianos concluíram que duas adolescentes encontradas enforcadas em maio cometeram suicídio e descartaram que elas foram estupradas por vários homens e depois assassinadas, como inicialmente se suspeitou.
A conclusão foi divulgada nesta quinta-feira pelo Departamento Central de Investigação (CBI, na sigla em inglês), espécie de polícia federal da Índia, após meses de investigação. O caso envolvendo as adolescentes de 14 e 15 anos, que foram encontradas no dia 28 de maio penduradas em uma árvore na cidade de Katra, motivou protestos de moradores locais e causou bastante repercussão na imprensa internacional. Três suspeitos chegaram a ser presos.
Inicialmente, um grupo de médicos locais que examinou os corpos das adolescentes havia divulgado que as jovens apresentavam sinais de estupro. Em agosto, o CBI examinou novamente as amostras e outros materiais e acabou concluindo que não houve nenhum tipo de abuso sexual.
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“Baseado em 40 relatórios científicos, o CBI concluiu que as duas adolescentes não foram estupradas e assassinadas como se acreditou no primeiro boletim de ocorrência”, disse Kanchan Prasad, um porta-voz do órgão.
O CBI sugeriu outra teoria para as mortes e disse que os suicídios parecem ter sido motivados por causa da pressão das famílias das jovens para que elas cortassem a amizade que mantinham com um rapaz do vilarejo.
Em maio, a família havia reclamado da atuação da polícia local quando eles reportaram o desaparecimento das jovens. Os parentes haviam dito que os policiais demoraram horas para começar a investigar o paradeiro das meninas. Dois policiais chegaram a ser presos por suspeita de tentar acobertar o caso por supostamente não terem respondido aos apelos iniciais.
À época, os parentes também acusaram um grupo de homens do vilarejo de ter cometido o crime. Uma testemunha chegou a afirmar que viu as duas adolescentes sendo levadas à força. Mas, de acordo com a rede BBC, o CBI colocou em dúvida o testemunho, já que o homem não passou num teste de polígrafo. Os investigadores suspeitaram que ele foi pago pelas famílias para contar essa versão.
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A notícia sobre a reviravolta no caso causou ceticismo entre ativistas pelos direitos das mulheres na Índia. Segundo a All India Democratic Women’s Association, ainda “há muitas questões sem resposta” no caso. Já a diretora da Comissão para Mulheres de Déli pediu para que o CBI revise mais uma vez todo o material da investigação.
Já as famílias ficaram revoltadas com a conlusão. “O CBI tentou fraudar o caso e inocentar os acusados desde o início. Estou revoltado com a decisão.”, disse Sohan Lal, pai de uma das jovens, à rede BBC.