Incertezas marcam o fim da campanha eleitoral no Uruguai
O candidato do governista Tabaré Vázquez lidera as pesquisas, mas a disputa vai para o segundo turno ainda indefinido, apontam os institutos de opinião
A três dias das eleições presidenciais e parlamentares no Uruguai, as pesquisas apontam que o governista Tabaré Vázquez, que comandou o país entre 2005 e 2010, não conseguirá a maioria no Congresso que permitiu à esquerda governar por dez anos, correndo inclusive o risco de perder para Luis Lacalle Pou em um segundo turno. Os candidatos a suceder o popular José Mujica, que não é permitido pela Constituição a se candidatar a uma reeleição, queimavam nesta quinta-feira os últimos cartuchos em seus atos de encerramento de campanha. As eleições gerais uruguaias serão em 26 de outubro e, o segundo turno, em 30 de novembro. Serão eleitos todos os 130 membros da Assembleia (100 deputados, 30 senadores) e o presidente da República.
Em seu último discurso de campanha, na noite desta quinta-feira, Vázquez pediu ao povo que tenha fé e animou a multidão lembrando as bandeiras históricas do partido Frente Ampla (FA), como a redistribuição de renda, a identidade de gênero ou a busca pelos desaparecidos durante a ditadura militar uruguaia (entre 1973 e1985). Vázquez conseguiria no domingo entre 44 e 46% dos votos, de acordo as projeções da consultoria Factum; 43%, segundo a Cifra; ou 43,6%, segundo a Equipos Mori.
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No campo oposto, o candidato do Partido Nacional, Luis Lacalle Pou, convocou nas redes seus seguidores a “espalharem o espírito positivo”, que foi o lema da campanha deste deputado de 41 anos, que avançou rapidamente, tornando-se a principal ameaça à esquerda. “Não viemos apenas para tirar a maioria parlamentar da Frente Ampla, viemos para governar agora e governar bem. Não é porque os outros são ruins, é porque queremos ser melhores”, discursou Lacalle na noite desta quinta-feira. Segundo a Factum, Lacalle Pou teria entre 31 e 33% dos votos (32% segundo a Cifra e 33,4%, se acordo com a Equipos). Isso o deixaria no segundo turno, com a possibilidade de se aliar ao também tradicional Partido Colorado, de centro-direita, que tem cerca de 15% das intenções de voto.
Campanha disputada – Para Ignacio Zuasnábar, da Equipos Mori, “não há chance alguma de vitória no primeiro turno”. Em meio a este cenário, a campanha para um segundo turno será “extremamente disputada”, disse Zuasnábar. Questionado pela oposição por ter se mantido de fora da campanha eleitoral, Mujica se esquivou e disse apenas que confia que muitos uruguaios participem das eleições de domingo. A imprensa uruguaia aponta que Mujica e Vázquez tiveram desavenças ao longo da campanha e o atual presidente se distanciou do candidato.
(Com agência France-Presse)