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Cristina defende reforma na Inteligência e critica promotor

Presidente falou pela primeira vez em rede nacional depois da morte de Alberto Nisman e voltou a desqualificar investigação feita pelo procurador

Por Da Redação
26 jan 2015, 21h46

Em seu primeiro pronunciamento em cadeia nacional desde a misteriosa morte do promotor Alberto Nisman, a presidente Cristina Kirchner anunciou a dissolução da Secretaria de Inteligência (SI) e a criação da Agência Federal de Inteligência, que será mantida no âmbito do Poder Executivo, mas dependerá do Senado para funcionar. O diretor e o subdiretor do novo órgão serão nomeados pelo governo, mas vão precisar de aprovação do Congresso.

O anúncio de Cristina é uma tentativa de seu governo responder ao fracasso das investigações sobre o atentado contra o centro judaico Amia em 1994, que deixou 85 mortos. Na TV, ela reconheceu que o caso é um dos “marcos da impunidade na Argentina”. “É preciso começar a trabalhar por um projeto de reforma do sistema de inteligência, já que o existente não serviu aos interesses nacionais”, afirmou, segundo a imprensa argentina. “A dissolução da SI é uma dívida da democracia que cabe a mim reformar.”

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Nisman foi encontrado morto há uma semana, em seu apartamento em Buenos Aires, dias depois de apresentar uma grave denúncia contra a presidente e vários apoiadores, segundo a qual teriam agido para encobrir a participação de iranianos no atentado contra a Amia. O promotor investigava o caso desde 2004.

No pronunciamento de uma hora, a presidente voltou a defender a atuação de seu governo no caso do atentado e apontou ex-agentes de inteligência como responsáveis por promover “de dentro dos gabinetes do governo” denúncias contra sua pessoa.

Até esta segunda-feira, Cristina Kirchner havia se manifestado sobre a morte de Nisman apenas pelas redes sociais, o que foi criticado pela oposição. Na terça-feira, a mandatária publicou uma carta na qual falava em suicídio e desqualificava o trabalho de investigação do promotor.

Em sua argumentação, Nisman fazia parte de uma conspiração: “quem pode acreditar que alguém que tinha uma denuncia institucional tão grave contra a presidente, seu chanceler, que professa a fé judia, ou contra o secretário-geral de uma organização juvenil que, quando ocorreu o atentado, estava no 5º anos do secundário, saiu de férias e de repente as interrompe e, em pleno recesso judicial, sem avisar o juiz do caso, apresenta uma denúncia de 350 folhas que evidentemente devia ter preparado com antecedência? Ou será que alguém as deu a ele quando voltou?”.

Dois dias depois, Cristina voltou à carga com um novo enredo, afirmando “estar convencida de que não foi suicídio”. “Usaram-no vivo e depois o quiseram morto. Tão triste e terrível”, disse em texto divulgado por sua conta no Twitter. O esforço para desqualificar a investigação continuou, com a tese de que “informações falsas” foram plantadas para atrapalhar o trabalho do promotor. “Os supostos agentes de inteligência identificados por Nisman como membros de uma ‘Side paralela’ em conexão direta com a presidente, Allan Héctor Ramón Bogado e Hector Yrimia, NUNCA tinham pertencido à Secretaria de Inteligência, sob nenhum caráter”.

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Side é o antigo nome da agência de inteligência, que agora a presidente quer reformular, alegando que, desde 2013, “integrantes desses serviços de informação começaram a bombardear esse governo e a intensificar a série de denúncias insólitas contra essa presidente”.

Foi em janeiro de 2013 que Argentina e Irã firmaram um Memorando de Entendimento para investigar o ataque contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia). Segundo Nisman, as tratativas que culminaram nesse documento foram feitas à margem da diplomacia formal. O procurador estava certo de que o governo criara um canal paraestatal de comunicação com o Irã para inocentar envolvidos em troca da retomada de relações comerciais.

Cristina Kirchner afirmou que vai enviar ao Parlamento o projeto de dissolução da secretaria antes de uma viagem à China, marcada para a próxima semana. E que serão convocadas sessões extraordinárias no Congresso para análise do texto, que também deve incluir uma mudança para “transferir a totalidade do sistema judicial de escutas para o Ministério Público Federal”, que seria, em suas palavras, “é o único ministério extrapoder”.

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