Drones são usados para levar filmes e livros para a Coreia do Norte, dizem ativistas
Desde o início de 2015, mais de mil pen drives e cartões de memória foram enviados ao país comunista por meio do grupo No Chain e da Fundação de Direitos Humanos
Drones têm sido usados para levar pen drives e cartões de memória à Coreia do Norte com filmes, e-books e arquivos diversos provenientes da Coreia do Sul e países ocidentais, afirmaram ativistas na quarta-feira. Jung Gwang-il, fundadora do grupo No Chain – composto por norte-coreanos que conseguiram escapar do regime mais fechado do mundo -, revelou que o material está sendo levado aos norte-coreanos desde o início de 2015.
De acordo com a rede CNN, os cartões e pen drives contêm música, séries de televisão e filmes, além de acesso off-line à Wikipedia, site que pode ajudar os norte-coreanos a encontrarem informações sobre o mundo exterior. No país comandando pelo ditador Kim Jong-un, os cidadãos ficam alheios a praticamente qualquer produção cultural ou informação que não seja nacional e aprovada pelo governo.
“Eu coloco grande esperança nestes objetos”, disse Jung, segurando um pen drive em sua palestra no Fórum de Liberdade de Oslo, na Noruega. “Eu acredito que tenham o poder de levar liberdade ao meu país”, comentou. A utilização de drones é discutida há algum tempo por ativistas fugidos da Coreia do Norte, mas é a primeira vez que um grupo admite estar usando-os secretamente para fazer as entregas.
O grupo No Chain e a ONG internacional Fundação de Direitos Humanos já entregaram mais de mil cartões de memória e pen drives para o país comunista por meio dos drones, afirmaram. As instituições se negaram a revelar de quais partes do mundo os equipamentos são lançados, nem para que pontos do país são enviados, por questões de segurança. Em fevereiro, a Fundação também lançou uma campanha mundial chamada “Pen drives para a liberdade”, na qual pedia que internautas doassem pen drives antigos para serem enviados à Coreia.
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“O regime está tentando acabar com novelas, filmes de Hollywood e coisas como o K-pop [estilo musical da Coreia do Sul]”, afirmou o presidente da Fundação de Direitos Humanos Thor Halvorssen. “Apesar da reputação de um grupo forte formado por tiranos cruéis, certamente parecem bastante assustados com algo tão simples como desenhos animados e programas de TV. Isso desafia seu pulso de ferro com o povo norte-coreano”, disse. É a ONG que está pagando pelos drones e outros materiais necessários para o envio.
No passado, contrabandistas e ativistas já contrataram pessoas para levarem bens como telefones celulares chineses para o país ditatorial, através da fronteira com a Coreia do Sul. Porém, segundo Jung, depender da ajuda de norte-coreanos pode ser perigoso para os envolvidos. Poucas pessoas têm computadores na Coreia do Norte e a internet é censurada, mas muitos possuem smartphones e aparelhos de vídeo compatíveis com USB, o que facilita para que assistam aos conteúdos. “Um pen drive contrabandeado custa um mês de salário de um trabalhador norte-coreano e, apesar dos altos custos, eles desejam informação do mundo exterior”, afirmou a ativista.
(Da redação)