Ditador sudanês desafia ordem de prisão e deixa a África do Sul
No domingo, um tribunal sul-africano havia proibido Omar al-Bashir de sair do país
O ditador do Sudão, Omar al-Bashir, deixou a África do Sul, informou um ministro sudanês nesta segunda-feira. A partida desafia a ordem de um tribunal de Pretória que obrigava Bashir a permanecer no país até que a Justiça avaliasse um pedido de prisão do líder. Bashir, que participava de uma cúpula da União Africana na África do Sul, foi indiciado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
A África do Sul é signatária do TPI e por isso obrigada a executar mandados de prisão, mas, no domingo, o partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) acusou o tribunal sediado em Haia de ter preconceito contra africanos. No mesmo dia, o juiz Hans Fabricius proibiu Bashir de partir da África do Sul até arbitrar sobre a petição, e pediu ao governo que informasse todos os pontos de saída para não permitir a partida do veterano líder sudanês.
Entretanto, o ministro de Estado do Sudão, Yasser Youssef, declarou à agência de notícias Reuters que Bashir deixou a África do Sul rumo à capital de seu país, Cartum. O gabinete de Jacob Zuma, presidente sul-africano, concedeu imunidade a Bashir e a outros delegados presentes à cúpula da União Africana.
“O mundo ficou ao lado da África do Sul para lutar contra o apartheid, mas o país apóia a impunidade para o assassinato em massa de africanos”, tuitou o diretor-executivo da organização Human Rights Watch, Kenneth Roth, após a divulgação da informação de que o ditador havia deixado o país.
O TPI emitiu mandados de prisão para Bashir em 2009 e 2010, acusando-o de ser o mentor de um genocídio e de outras atrocidades em sua campanha para acabar com a revolta na região de Darfur. Há tempos ele vem rejeitando a autoridade do tribunal. O conflito em Darfur deixou cerca de 300 mil mortos e dois milhões de desabrigados, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
(Da redação)