Discurso pró-Europa da rainha provoca surpresa na Grã-Bretanha
Em visita oficial à Alemanha, a rainha Elizabeth II afirmou que a "divisão da Europa é perigosa" e a união do continente é um "desafio comum" a ser enfrentado pelas nações
O discurso da rainha Elizabeth II com um alerta para a divisão da Europa foi interpretado nesta quinta-feira como uma indicação pró-europeia, no momento em que o primeiro-ministro David Cameron pretende convocar um referendo sobre a eventual saída da União Europeia (UE). “Sabemos que a divisão na Europa é perigosa e que temos de ficar em alerta, tanto no Ocidente quanto no leste do nosso continente”, disse a rainha durante um jantar de Estado em sua visita a Alemanha na quarta-feira, segundo uma cópia do discurso divulgada pelo site da monarquia. “A união da Europa continua sendo um desafio comum”, disse a rainha diante da anfitriã Angela Merkel, chanceler alemã e maior defensora da unidade e estabilidade da UE.
O discurso, com referências históricas às lições da II Guerra Mundial, a queda do muro de Berlim e a reunificação alemã, foi também uma defesa do papel da Grã-Bretanha na Europa. “A Grã-Bretanha sempre esteve estreitamente envolvido em seu continente. Inclusive quando nosso enfoque principal estava em outro lugar do mundo, nosso povo teve um papel chave na Europa”, disse a rainha. Os jornais britânicos não esconderam a surpresa nesta quinta-feira, mesmo dia em que Cameron apresentará aos colegas da União Europeia em Bruxelas o desejo de flexibilizar os vínculos com o bloco. “A rainha insinua seu desejo de que a Grã-Bretanha permaneça na União Europeia”, diz a manchete do jornal The Guardian.
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O jornal The Telegraph destaca que “os comentários da rainha podem ser interpretados por alguns como a expressão da soberana no debate da UE”. Mas um porta-voz do Palácio de Buckingham citado pela BBC rejeitou a interpretação das palavras da rainha. Mas não convenceu. “Não se trata da UE. A rainha é apolítica. Nunca expressaria um ponto de vista político”, disse o assessor. A rainha tem um papel imparcial na Grã-Bretanha e em raras ocasiões apresenta declarações que podem ser interpretadas como uma opinião sobre acontecimentos políticos atuais, como foi o caso nesta quarta.
(Da redação)