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Caos: Saques e violência generalizada ameaçam saída política na Venezuela

Opositores e analistas políticos temem que o governo de Nicolás Maduro pode se aproveitar da comoção social para radicalizar ainda mais e frear o referendo

Por Da Redação
16 jun 2016, 10h01

Comércios arrasados, ruas militarizadas e centenas de presos. Os roubos na cidade de Cumaná evidenciaram a onda de violência que está tomando as manifestações por alimentos na Venezuela, um fator que o governo atribui à oposição e que poderia radicalizar o presidente Nicolás Maduro. Para o cientista político Héctor Briceño, o aumento da violência “oferece um cenário oportuno ao governo” para usar a comoção interna a seu favor e “impedir, assim, o referendo ou outro evento eleitoral”, como os comícios regionais de fim de ano. “O que está contendo uma explosão social generalizada é a possibilidade de que as pessoas possam se expressar através de mecanismos como o referendo. Não permiti-lo desencadearia uma situação muito dramática”, comentou Rafael Uzcátegui, coordenador da organização de direitos humanos Provea.

Em Cumaná, “o balanço é de ruína total porque os comércios foram saqueados não somente em seus estoques, mas também em seu mobiliário. Foi uma destruição total”, disse nesta quinta-feira Rubén Saud, presidente da Câmara de Comércio da cidade costeira de 800.000 habitantes a 400 km ao leste de Caracas. Padarias, supermercados e outros comércios foram destruídos na terça-feira, que começou como um protesto por comida. O tumulto foi iniciado após um grupo de pessoas que tentou saquear caminhões com mantimentos. Depois da ação, novas pessoas entraram na confusão e a multidão saiu de controle e passou a atacar os estabelecimentos comerciais atrás de alimentos. Banhada pelo mar do Caribe, Cumaná é o epicentro mais recente de manifestações pela severa escassez de alimentos.

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Em Lagunilla, Estado de Mérida, no oeste do país, um jovem de 17 anos morreu na manhã desta quarta-feira em um hospital da cidade, onde deu entrada após ficar ferido durante distúrbios registrados na noite anterior envolvendo a falta de alimentos. A vítima levou um tiro na cabeça durante enfrentamentos entre manifestantes e policiais. Onze pessoas foram detidas durante os distúrbios, provocados durante o protesto por comida. Segundo o Observatório Venezuelano de Conflito Social, nos primeiros cinco meses de 2016 foram registrados 254 roubos ou tentativas de roubo, sendo maio o mês de mais incidência, com 88 casos. A falta de alimentos básicos é de 80%, de acordo com a consultoria Datanálisis.

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Violência aumentando – Um homem de 42 anos morreu baleado quando circulava em um veículo por um dos lugares onde começou a manifestação em Cumaná. Desde 6 de junho, ao menos outras três pessoas morreram durante confusões similares em Cariaco, San Cristóbal e Caracas, segundo as autoridades. Um militar e um policial foram detidos pelos dois primeiros casos. Por causa do caos iminente e temor dos comerciantes, várias a cidades estão militarizadas, com presença ostensiva de policiais, militares do Exército e mesmo milícias privadas e civis. Em alguns locais, foi proibido o trânsito de motoristas durante 72 horas, as aulas foram suspensas e iniciaram racionamentos diários de eletricidade.

À medida que os protestos terminam em atos de vandalismo, o governo persiste em suas acusações contra a oposição, culpando-a de promover o caos para desestabilizá-lo e criar as condições para uma intervenção estrangeira. Na terça-feira, Maduro – enfrentando uma ofensiva opositora para tirá-lo do poder mediante um referendo – denunciou que seus adversários estão por trás da violência.

(Da redação)

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