Barco com 350 imigrantes fica preso em alto mar próximo à Tailândia
A embarcação foi abandonada pela tripulação com o motor desligado. Dez pessoas morreram após mais de 6 dias sem água e comida
Um barco com imigrantes vindos do Mianmar foi encontrado encalhado no Mar de Andamão, entre a Tailândia e a Malásia nessa quinta-feira, depois que a tripulação abandonou mais de 350 pessoas em alto mar. O grupo ficou preso por uma semana, sem água ou comida. Segundo os imigrantes, 10 pessoas morreram.
O barco de pesca, carregando aproximadamente 350 pessoas da minoria muçulmana rohingyas, foi impedido de entrar na Tailândia. “Negamos a eles a entrada no país, mas lhes demos alimento e água em respeito a nossas obrigações em relação aos direitos humanos”, afirmou Puttichat Akhachan, da polícia local, à Reuters.
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Imagens de televisão mostraram mães em pranto e crianças pequenas pedindo ajuda. As pessoas a bordo contaram à rede BBC que a tripulação do barco os abandonou em alto mar depois de mais de dois meses de viagem e desligou o motor da embarcação. “Somos 300. Estamos no mar há dois meses. Queremos ir para a Malásia, mas não conseguimos chegar ao país”, disse um dos imigrantes aos jornalistas que se aproximaram da embarcação. “Não comemos nada há uma semana, não temos onde dormir e meus filhos estão doentes”, declarou Sajida à AFP.
Acredita-se que outras milhares de pessoas ainda estejam a bordo de barcos ao longo da costa da Tailândia e Malásia, todas muçulmanas rohingyas fugindo da perseguição em Bangladesh e Mianmar. No entanto, os governos da Malásia e Tailândia não permitem a entrada das embarcações e dos imigrantes.
“O que você espera que façamos?”, disse o vice-primeiro-ministro do Interior da Malásia, Wan Junaidi. “Temos tratado de forma humana, mas eles não podem invadir nossas costas”, acrescentou. “Temos de enviar a mensagem certa de que eles não são bem-vindos aqui.”
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No domingo, cerca de 1.000 refugiados desembarcaram nas margens de Langkawi, uma ilha ao norte da Malásia e perto da Tailândia. Outros 600 chegaram clandestinamente à Indonésia. O primeiro-ministro tailandês, o general Prayuth Chan-ocha, também deixou claro que o seu governo não tem recursos para acolher refugiados. “De onde virá o dinheiro? Ninguém os quer”, afirmou.
Os governos da região receberam apelos de todos os tipos para que organizem operações de resgate. Os Estados Unidos reiteraram, nesta quinta-feira, seu chamado aos países asiáticos: “Estamos preocupados com a situação e exigimos aos países da região que trabalhem juntos para salvar vidas no mar”, disse, em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Jeff Rathke.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) alertou que a situação pode se tornar um “desastre humanitário enorme”. Matthew Smith, diretor-executivo do grupo sem fins lucrativos de direitos humanos Fortify Direitos também expressou sua preocupação diante do descaso dos países asiáticos: “vidas estão em jogo”, lamentou.
(Da redação)