Além de Merkel, EUA espionaram ministérios alemães e o BCE
Documentos publicados pelo Wikileaks mostram que 69 ministros e altos funcionários alemães foram espionados entre 1998 e 2012. Ministro teme que a ação foi ainda maior
A Agência Nacional de Segurança americana (NSA, na sigla em inglês), além de ter espionado os telefonemas da chanceler Angela Merkel, teve em sua mira o Banco Central Europeu (BCE) e vários ministérios alemães, segundo documentos divulgados nesta quinta-feira pelo Wikileaks. Os documentos mostram que as escutas telefônicas em diversos ministérios – Economia, Finanças e Agricultura – começaram a ser realizadas ainda nos anos 90, segundo o jornal Süddeusche Zeitung.
Um dos documentos demonstra que Oskar Lafontaine, ministro das Finanças entre 1998 e 1999, durante o primeiro governo de Gerhard Schröder, era um dos alvos da NSA. A linha telefônica em questão continua em uso e atualmente pertence à secretaria do Ministério das Finanças. A NSA, segundo os vazamentos, não realizou apenas escutas na linha do ministro, mas também na de outros altos funcionários de Finanças, de Economia e de Agricultura, o que aponta para que a agência tinha interesse na política econômica e comercial alemã. A escuta no BCE, que tem sua sede em Frankfurt, na Alemanha, afetou apenas uma linha do banco, a do escritório de desenvolvimento econômico.
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O Wikileaks também publicou um relatório da NSA sobre uma conversa que Merkel teve, em 9 de outubro de 2011, com um assistente não identificado, sobre a situação da Grécia e as diversas opções que estavam sendo estudadas naquele momento, em que a chanceler mostrava suas dúvidas diante de uma eventual quitação de dívida. Ao todo, segundo os documentos, a NSA espionou 69 números de telefones de ministros e altos funcionários do governo alemão entre 1998 e 2012.
O ministro do Interior, Thomas de Maizière, admitiu hoje, em entrevista à emissora ARD, que desde as primeiras revelações sobre as escutas a Alemanha se tornou mais desconfiada. “Desde o começo desta legislatura também examinamos se os serviços secretos de países ocidentais espionam a Alemanha”, declarou o ministro. Segundo o ministro da Economia, Sigmar Gabriel, além das escutas aos ministérios, surge a dúvida se a NSA espionou também empresas alemãs. “Nos ministérios não fazemos nada por telefone que valha a pena espionar. Muito mais importante é a pergunta se a NSA não espionou também empresas de tecnologia alemãs”, disse Gabriel. “Meu ministério é responsável por proteger as empresas de espionagem industrial e econômica”, acrescentou.
(Da redação)