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Iêmen é uma porta escancarada para atuação da Al Qaeda

País abriga a Al Qaeda na Península Arábica, maior 'franquia' da rede terrorista de Osama bin Laden naquela região

Por Cecília Araújo
6 Maio 2011, 18h27

A queda de entusiasmo pelo radicalismo islâmico nos últimos dez anos não afastou o risco do terrorismo. As “franquias” da Al Qaeda ainda têm grande potencial para cometer atos terroristas, mesmo após a morte de seu mentor Osama bin Laden. Esses grupos mostram que, diferentemente da estrutura nuclear com a qual a organização contava originalmente, hoje a ela é descentralizada. Devido à ausência de uma hierarquia única, muitas vezes seus membros não se comunicam com o “núcleo” para realizar os atentados e desenvolvem seus próprios métodos para conseguir os recursos necessários. A fragilidade de alguns países, nesse momento, é terreno fértil para o desenvolvimento dessas franquias.

O Iêmen é exemplo disso. O país está localizado na Península Arábica, região em que atua uma das pontas da rede terrorista: A Al Qaeda na Península Arábica (Al Qaeda in the Arabian Peninsula – AQAP). “Essa é sem dúvida a franquia mais forte no mundo árabe, superando as outras, que atuam no Iraque e no Magreb”, aponta Yoav Di-Capua, professor do departamento de História da Universidade do Texas.

Segundo Di-Capua, há uma grande preocupação sobre a ação dessa “franquia” no país, que está no meio de uma grande revolta popular contra o governo. “A crise política deixa o estado muito frágil. Tememos que o Iêmen se transforme em uma Somália.” A Somália é o país com risco de terrorismo mais elevado no mundo, segundo a consultoria britânica Maplecroft, especializada na avaliação de riscos políticos e sociais ao redor do mundo.

O diagnóstico é o mesmo do professor Danny Zahreddine, chefe do departamento de Relações Internacionais da PUC Minas. “O Iêmen é atualmente uma porta escancarada para o terrorismo”, diz o especialista, que ressalta ainda que tráfico de drogas, sequestros e doações milionárias são e devem continuar sendo a principal forma de financiamento das células da Al Qaeda e suas “franquias”.

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Segundo Zahreddine, o futuro da Al Qaeda não está, necessariamente, na sua franquia no Iêmen. Mas o momento é propício para que o grupo procure demonstrar força. Um dos líderes da AQPA já anunciou que buscará vingança pela morte de bin Laden.

Perfil – A Al Qaeda na Península Arábica surgiu em 2009, depois da fusão entre a Al Qaeda da Arábia Saudita e a do Iêmen, mas já operava nos dois países desde a década de 1990. Atualmente, ela é, de fato, a maior franquia da Al Qaeda. Quando bin Laden era vivo, já vinha liderando discussões ideológicas e táticas à frente até mesmo do próprio “núcleo” da organização. A AQAP é também responsável pela edição da revista Inspire, que faz propaganda das ações do grupo, em inglês, entre os islâmicos ocidentais, especialmente nos Estados Unidos.

Seu ataque mais importante ocorreu pouco menos de um ano antes do atentado às Torres Gêmeas, em 2001. Um bote com explosivos foi conduzido por membros da Al Qaeda até o navio americano USS Cole, que estava no porto de Aden, no Iêmen, matando 17 marinheiros. Desse atentado participaram dois dos terroristas mais procurados do mundo pelo FBI (polícia federal americana), ambos iemenitas. Jamel Ahmed Mohammed Ali Al-Badawi e Fahd Mohamed Ahmed Al Quso chegaram a ser capturados pelas autoridades locais duas vezes, mas no momento não se sabe de seu paradeiro. O FBI oferece uma recompensa de 5 milhões de dólares (8 milhões de reais) àqueles que lhes derem informações que levem às suas detenções.

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