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UE vira obstáculo a plano americano para deter Rússia

Diante da negativa de Moscou de recuar na invasão à Crimeia, EUA suspendem cooperação militar e negociação comercial. Mas sanções econômicas previstas como próximo passo serão inócuas se não forem seguidas pela União Europeia

Por Da Redação
4 mar 2014, 02h54

O presidente americano Barack Obama voltou nesta segunda-feira a ameaçar o Kremlin com sanções para “isolar” a Rússia caso o governo de Vladimir Putin não recue na sua pretensão de invadir a Crimeia, no sul da Ucrânia, e disse que a Rússia está “do lado errado da história” ao violar o direito internacional e acordos prévios que cederam à Ucrânia o controle da região. Diante das evidências de que Putin não pretende ceder, os Estados Unidos começaram a adotar medidas diplomáticas para pressionar Moscou: anunciaram a suspensão de toda a cooperação militar com a Rússia, incluindo encontros bilaterais e manobras militares conjuntas, e a suspensão das negociações de um tratado comercial.

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O próximo passo caso o Kremlin não reverta seu curso é, segundo diplomatas americanos, cancelar a emissão de vistos e congelar os ativos financeiros nos EUA dos oficiais russos no comando da operação na Crimeia, bem como os de instituições financeiras controladas pelo Estado russo. A estratégia da Casa Branca é tentar, aos poucos, impactar a Rússia no bolso, freando as relações comerciais e financeiras de Moscou com o Ocidente.

Mas o plano ganhou nas últimas horas um obstáculo de peso: a União Europeia. Em resposta à ação russa na Crimeia, os líderes do bloco indicaram que pretendem adotar medidas bem mais limitadas, como suspender a venda de armas à Rússia e as conversas diplomáticas com Moscou não relacionadas à crise na Ucrânia. Sanções econômicas foram descartadas por enquanto, por uma simples razão: o enorme volume de negócios entre russos e UE.

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Sem o apoio europeu, as sanções adotadas unilateralmente pelos Estados Unidos podem se revelar inócuas para convencer Vladimir Putin a bater em retirada – os EUA não figuram sequer entre os 10 maiores parceiros comerciais da Rússia; o total de exportações e importações entre os dois países está na casa dos 40 bilhões de dólares por ano. Enquanto isso, os negócios russos com a União Europeia somam por volta de 340 bilhões de dólares no mesmo período.

Diplomacia – Com o bloco europeu mais avesso aos riscos de uma paralisia nas relações comerciais, autoridades alemãs enfatizaram a necessidade de diplomacia, enquanto diplomatas holandeses ressaltaram que sanções econômicas estão descartadas agora. Nesta segunda, um documento do governo britânico fotografado por um jornalista afirmava que o governo do primeiro-ministro David Cameron também não apoiaria sanções comerciais ou o bloqueio do mercado britânico ao capital russo.

O documento, revelou a rede britânica BBC, foi fotografado quando era levado por uma autoridade para uma reunião na residência de Cameron, em Downing Street. “A Grã-Bretanha não deveria apoiar por ora sanções comerciais ou fechar o centro financeiro de Londres aos russos”, dizia o texto. Pela foto, o documento não pôde ser totalmente entendido, mas o trecho legível revela que ministros britânicos etudam restrições a vistos e proibições de viagens para altas autoridades russas. Quando indagada sobre a reportagem, uma porta-voz do gabinete de Cameron disse que o governo não faz comentários sobre documentos vazados.

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Intervenção – Nesta segunda, a Rússia afirmou no Conselho de Segurança da ONU que o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich, que está refugiado em território russo, pediu ao Kremlin que interviesse na Ucrânia para estabilizar a situação no país, que estaria “à beira da guerra civil”. O embaixador russo, Vitali Churkin, assegurou que Yanukovich escreveu ao presidente Vladimir Putin, pedindo a utilização do Exército a fim de restaurar a “paz, a lei, a ordem e estabilidade”.

O representante russo na ONU alegou que a “vida e segurança dos cidadãos da Crimeia”, que tem laços históricos com Moscou e onde a maioria da população é de etnia russa, são “alvo de uma ameaça real’ e que, por isso, as ações empreendidas pela Rússia são totalmente “apropriadas e legítimas”. Ele ressaltou que o único objetivo da Rússia é “defender a seus cidadãos e compatriotas e seus direitos” e voltou a atacar o Ocidente por impulsionar a revolução ucraniana.

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Churkin defendeu que Yanukovich continua sendo o presidente legítimo da Ucrânia e assegurou que grupos “extremistas”, “radicais” e “ultranacionalistas” tomaram o controle do país e tentam usar sua vitória para acabar com os direitos fundamentais de parte da população – a crise na Crimeia começou após Yanukovich ser deposto no final de janeiro pelo Parlamento por abandono de cargo, no ápice de protestos populares organizados pela oposição que resultaram em violentos conflitos que deixaram dezenas de mortos em Kiev.

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(Com Reuters, Estadão Conteúdo e EFE)

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