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Ucrânia mobiliza tropas e EUA discutem reação à Rússia

Presidente russo Vladimir Putin já enviou 15 mil soldados à Crimeia, no sul da Ucrânia, região que expôs as divisões no país após queda de Yanukovich

Por Da Redação
2 mar 2014, 07h31

Diante das evidências de que a Rússia tomou o controle da república autonôma da Crimeia, no sul da Ucrânia, o governo interino ucraniano deu início na madrugada deste domingo à mobilização de tropas ao redor do país.O Ministério da Defesa mobilizou os reservistas e ordenou que os comandantes militares colocassem em estado de alerta de combate suas unidades, declarou o ministro interino da pasta, Andrei Parubi, em pronunciamento na Rada Suprema, o Parlamento da Ucrânia.

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A decisão foi tomada pelo Conselho de Segurança Nacional do país, após o presidente russo Vladimir Putin praticamente ignorar os alertas da comunidade internacional, especialmente dos Estados Unidos, de que o envio de tropas à península crimeana constitui uma “violação da soberania ucraniana” e que uma intervenção “terá custos”.

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O governo russo não admite oficialmente o envio de soldados à Crimeia, região historicamente ligada a Moscou, onde cerca de 60% da população é de etnia russa e sede de uma das maiores bases navais do país, localizada às margens do Mar Negro. No entanto, Putin já pediu e recebeu autorização do Parlamento russo para deslocar efetivos militares. Segundo o embaixador ucraniano na ONU, Yuriy Sergeyev, mais de 15.000 soldados russos já estão na Crimeia.

Diante da efetiva invasão da Ucrânia pela península no sul do país, os Estados Unidos já discutem que medidas podem tomar para responder o que ressaltam ser uma violação do direito internacional por parte do governo russo. De acordo com o jornal The New York Times, a administração Obama estuda quatro alternativas a curto prazo: cancelar uma viagem do presidente americano a Moscou prevista para junho, suspender as negociações de um tratado comercial, expulsar a Rússia do G-8 e mover navios de guerra dos EUA para a região. Nenhuma dessas opções, contudo, é considerada o bastante para dissuadir Putin de prosseguir com sua estratégia na Crimeia, afirmam analistas internacionais.

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Em um contato telefônico neste sábado, Barack Obama e Vladimir Putin conversaram sobre a tensa situação na Ucrânia. Obama alertou para a possibilidade de um isolamento político e econômico da Rússia, caso o país continue a violar as leis internacionais ao ameaçar a soberania e integridade territorial do país. Putin insistiu no direito de defender os cidadãos de etnia russa que vivem no país vizinho. “Vladimir Putin chamou sua atenção para as ações provocativas e criminosas dos ultranacionalistas que são apoiados pelo governo interino em Kiev”, diz um comunicado distribuído pelo Kremlin.

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ONU – A movimentação de tropas russas rumo ao território ucraniano foi discutida neste sábado pelo Conselho de Segurança da ONU. No encontro de emergência solicitado pela Grã-Bretanha, Rússia e países ocidentais trocaram acusações e não alcançaram nenhum ponto de consenso. A reunião começou com atraso, depois que as partes discordaram sobre o formato que deveria ser utilizado.

Os países ocidentais pressionaram para que fosse um debate aberto, enquanto a Rússia queria uma sessão com portas fechadas. Finalmente, os membros do conselho mantiveram uma breve reunião acessível à imprensa e depois realizaram consultas privadas. A embaixadora americana, Samantha Power, acusou a Rússia de intervir na Ucrânia com “uma ação provocadora”, sem fundamentos legais e que é “tão perigosa como desestabilizadora”. “Esses atos podem levar uma situação que já é tensa para além do ponto de ruptura”, advertiu Power, que pediu que Moscou retire as tropas e inicie um diálogo político com Kiev.

Na capital ucraniana, o Parlamento deve se reunir neste domingo para decidir que posição tomar diante da crise, uma consequência da deposição do presidente Viktor Yanukovich, aliado de Moscou, após três meses de protestos populares de crescente pressão de forças da oposição – as manifestações começaram em dezembro do ano passado, depois que o governo ucraniano se recusou a assinar um acordo de aproximação com a União Europeia.

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Três ex-presidentes da Ucrânia – Leonid Kravchuk, Leonid Kuchma e Viktor Yushchenko – pediram ao Parlamento que ordene na reunião de emergência a mobilização do país para preparar sua defesa. “É preciso ordenar uma mobilização e para estarmos preparados para defender nossa terra”, disseram os três ex-mandatários em uma declaração conjunta publicada pelo site do jornal Ukrainskaya Pravda.

Alvos estratégicos – Segundo o governo provisório de Kiev, vários alvos estratégicos foram tomados na república autônoma da Crimeia por militares russos, como o aeroporto de Simferopol, a capital crimeana, um posto da Guarda de Fronteiras em Sebastopol, onde fica a base naval da Rússia, e uma base antimísseis da Força Aérea ucraniana.

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“A Crimeia é território da Ucrânia. Isso é um axioma para todo cidadão ucraniano, para todo político ucraniano”, afirmaram Kracvchuk, Kuchma e Yushchenko em sua declaração. Os três destacaram que pela primeira vez em sua história recente os ucranianos enfrentam uma crise que ameaça a unidade e a soberania do país e que pode desembocar em uma “catástrofe nacional e na destruição da Ucrânia”.

Em sua declaração, eles pediram que o Legislativo denuncie os acordos assinados em 2010 com a Rússia que prolongaram até 2042 a permanência da base da frota russa do Mar Negro na península da Crimeia e que assine o mais rápido possível um acordo de associação com a União Europeia. A Rússia, acrescentaram os ex-presidentes, “se aproveitou das dificuldades políticas na Ucrânia para jogar a chamada carta da Crimeia em favor de seus interesses, ignorando suas obrigações com a Ucrânia”.

Além disso, os antigos chefes de Estado ucranianos pediram ao presidente interino do país, Aleksander Turchinov, que se recuse a “dividir os ucranianos, rejeite a purificação total e a substituição da lei pela conveniência política”.

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Foco de tensão – A Crimeia, território no sul da Ucrânia com maioria da população de etnia russa, tornou-se o principal foco de tensões no país nos últimos dias. Milícias pró-Moscou já invadiram prédios da administração regional e até o aeroporto de Simferopol.

Em várias cidades ucranianas foram registradas manifestações pró-Kremlin neste sábado, mas há suspeitas de que tenham sido organizadas pelo governo russo na tentativa de demonstrar apoio popular a uma possível intervenção. Na Carcóvia, a segunda maior cidade do país, houve tumulto quando manifestantes levando bandeiras da Rússia tentaram ocupar o prédio da administração regional. Em Donetsk, tradicional base eleitoral do presidente deposto Viktor Yanukovich, cerca de 7.000 pessoas tentaram invadir uma sede oficial. Em Mariupol, no sudeste, centenas de pessoas cercaram o conselho da cidade.

(Com agência EFE)

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