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TV exibe confissão de mulher que diz ser Sakineh

Advogado acha que uma confissão só teria acontecido depois de brutal tortura

Por Da Redação
12 ago 2010, 07h57

Um advogado ligado ao caso indicou acreditar que a mulher é mesmo Sakineh, mas atribuiu sua confissão ao resultado de agressões físicas na prisão: “Ela foi espancada e torturada’

O governo do Irã deu uma cartada inesperada para tentar abafar as críticas à decisão de executar Sakineh Mohammadi-Ashtiani, de 43 anos. Na noite de quarta-feira, a imprensa estatal exibiu uma entrevista em que a acusada de adultério e de ser cúmplice na morte do marido estaria confessando o crime. A mulher que aparece na TV e que o Irã diz ser Sakineh estava trajada com um xador que cobria seu rosto.

Um advogado ligado ao caso indicou acreditar que a mulher é mesmo Sakineh, mas atribuiu sua confissão ao resultado de agressões físicas na prisão. “Ela foi espancada e torturada até aceitar aparecer diante das câmeras. Seus filhos ficaram traumatizados depois que viram as cenas”, disse Houtan Kian.

Para aumentar ainda mais as suspeitas em torno da entrevista, a confissão da mulher que dizia ser Sakineh foi transmitida durante um programa político que criticava a “campanha da imprensa ocidental” em torno do caso. Conforme a TV local, o episódio da condenação de Sakineh está sendo usado para pressionar o governo iraniano em relação ao seu programa nuclear clandestino.

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No programa, a mulher que se identifica como a acusada afirma que um homem da família se ofereceu para matar seu marido – e que ela achou que ele estava brincando. As declarações, feitas no idioma azeri, foram traduzidas para o persa nas legendas exibidas pela TV. O programa também mostrou um juiz que afirmava que Sakineh injetou no marido uma substância que o deixou inconsciente. Em seguida, o outro homem o teria matado com um choque elétrico.

“Só depois que eu percebi que ele era um assassino”, afirma a mulher que apareceu na TV estatal. “Ele apareceu na casa com todos os equipamentos. Trouxe uma bateria, fios e luvas. E matou meu marido, que foi eletrocutado. Antes, ele pediu para que eu mandasse meus filhos à casa da avó.” A mulher identificada como Sakineh também critica o advogado Mohammed Mostafaie, que fugiu do país. “Por que ele levou meu caso à imprensa?”, pergunta.

Curiosamente, não houve referência alguma à pena por apedrejamento, um dos motivos da revolta da comunidade internacional contra a decisão iraniana. Também ficou clara a intenção de tirar as atenções sobre a acusação de adultério e passar a tratar Sakineh como assassina. Antes da confissão atribuída a Sakineh, a mulher tinha sido entrevistada por órgãos de imprensa ocidentais. Sempre negou ter praticado crime.

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