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Talibãs paquistaneses usam vacina contra poliomielite como arma de guerra

Por Da Redação
30 jun 2012, 06h05

P.Miranda.

Islamabad, 30 jun (EFE).- O anúncio dos rebeldes talibãs de proibir a vacinação contra a poliomielite nas zonas tribais do Paquistão ameaça frear a erradicação de uma doença endêmica no país e põe em risco direto cerca de 250 mil crianças.

Nesta semana, um grupo armado do Waziristão do Sul, uma das regiões mais vulneráveis do noroeste paquistanês, se uniu a seus ‘irmãos’ do Waziristão do Norte, que há duas semanas fizeram uma série de reivindicações políticas para permitir a vacinação.

O argumento central é o mesmo nos dois casos: os Estados Unidos devem cessar os bombardeios com aviões não tripulados (drones) na região, já que, segundo os insurgentes, matam muito mais crianças que a pólio. Além disso, as campanhas de vacinação são um ninho de espiões ocidentais.

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‘Se (os EUA e seus aliados) são tão sinceros com os muçulmanos e nos dão vacinas, por que nos bombardeiam sem piedade?’, pergunta um panfleto distribuído no dia 15 de junho em vários pontos do Waziristão do Norte.

Waziristão do Norte e Waziristão do Sul, considerados redutos da insurgência talibã e de outros grupos jihadistas, foram alvo de uma série de ataques aéreos neste ano, que deixaram mais de 100 mortos.

Tanto as autoridades locais como as agências de ajuda internacionais estão muito surpresas com a iniciativa talibã de usar a vacinação contra a pólio como parte de sua guerra contra Ocidente e as forças de segurança paquistanesas.

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‘É criminoso privar suas próprias crianças de proteção contra uma doença contagiosa e tão grave como a pólio. É uma questão de direitos humanos elementares’, diz o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Paquistão, Guido Sabatinelli.

A poliomielite é uma doença viral contagiosa que pode afetar o sistema nervoso central e produzir paralisias, e o Paquistão é um dos três países do mundo em que ela ainda é endêmica (os outros dois são Afeganistão e Nigéria).

Segundo dados oficiais, no ano passado houve 198 casos no Paquistão, quase um terço do total registrado no mundo. Neste ano já houve 22, apesar dos esforços das autoridades e das agências de saúde para erradicar a doença do país.

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Em setembro do ano passado, a OMS confirmou que foi registrado um caso de pólio na China cujo vírus saiu do Paquistão e relacionou a propagação internacional da doença pelos problemas para efetuar as campanhas de vacinação.

As áreas tribais são prioritárias na estratégia de prevenção no Paquistão e, neste ano, já houve casos tanto no Waziristão do Norte como no do Sul, que são duas das regiões mais afetadas pela guerra entre a insurgência e as autoridades.

Estava previsto para o dia 17 de julho o início de uma campanha de vacinação (a vacina costuma ser ministrada em gotas) no Waziristão do Norte e do Sul e, de acordo com as estimativas, cerca de 250 mil crianças menores de cinco anos seriam beneficiadas.

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Um dos argumentos das milícias fundamentalistas é que, por trás dos postos de vacinação financiados por doadores internacionais e pelas Nações Unidas, se esconde uma rede de espiões.

A ideia se apoia no caso do médico Shakil Afridi, condenado recentemente a 33 anos de prisão no Paquistão por ajudar a CIA na captura de Osama bin Laden mediante uma falsa campanha de vacinação que, na realidade, pretendia obter amostras de DNA.

O boicote à vacinação por parte dos grupos fundamentalistas é uma nova mostra do desgoverno que sofrem as áreas tribais da região, a ponto de as milícias radicais agirem quase como administradores de fato em algumas zonas.

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Há poucos dias, um editorial do jornal local ‘Dawn’, publicado em inglês, criticava o fato de o governo central ter pedido aos responsáveis provinciais que tentassem convencer os talibãs, ao invés de obrigá-los a ceder.

O fato de a ideia de usar a vacinação contra a pólio já ter passado de uma zona tribal para outra faz com que as autoridades temam que o exemplo se estenda a outras regiões.

‘É por isso que estamos muito atentos a este caso, pelo perigo que representa a iniciativa, e por isso queremos resolver a situação o mais rápido possível’, reconhece um dos responsáveis do governo no âmbito de saúde, Mazhar Nisar. EFE

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