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Suspeitos de atentado em Boston são irmãos chechenos

Tamerlan Tsarnaev morreu após tiroteio com a polícia; Dzhokhar está foragido

Por Da Redação
19 abr 2013, 10h33

Os dois suspeitos de terem realizado o atentado contra a maratona de Boston,que matou três pessoas e deixou mais de 170 feridos na última segunda-feira, são chechenos e irmãos, confirmou nesta sexta-feira o tio dos criminosos. Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos e identificado como suspeito número 1, morreu no hospital após um tiroteio com policiais, enquanto Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos e identificado como suspeito número 2, permanece foragido.

Os dois irmãos seriam naturais do Cáucaso, uma área da Rússia próxima à Chechênia, mas a etnia deles seria chechena. A Chechênia, região da Rússia com um longo histórico de combate ao governo russo, foi cenário de uma brutal guerra separatista nos anos 1990 e, desde então, virou foco de uma insurgência terrorista.

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O gabinete da Presidência da Chechênia afirmou que os dois irmãos não estavam mais ligados à região “havia muitos anos”, segundo a agência Interfax. A família Tsarnaev se mudou da Chechênia há muitos anos, viveu durante um período no Cazaquistão e, então, foi aos Estados Unidos, onde conseguiu uma permissão de residência. “Os indivíduos não viveram a vida adulta na Chechênia”, disse o porta-voz da Presidência Alvi Kamirov. Em entrevista à imprensa americana, um homem identificado como tio dos irmãos disse que não falava com os jovens há dois anos, mas o sobrinho mais velho, Tamerlan, havia ligado na quinta-feira.

Os irmãos Tsarnaev moravam há ao menos um ano em Cambridge, uma zona universitária próxima a Boston. Tamerlan estudou na faculdade comunitária de Bunker Hill e queria se tornar engenheiro, segundo a CNN. No entanto, ele tirou um ano de folga para treinar como boxeador.

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Dzhokhar Tsarnaev, que tinha até uma carteira de motorista de Massachusetts, se mudou para os Estados Unidos entre 2001 e 2002. Ele saiu de Makhachkala, capital da região do Dagestão, no sul do Cáucaso e próxima à Chechênia. Em maio de 2011, recebeu uma bolsa da cidade de Cambridge, segundo um comunicado oficial do governo local na época.

Na Rússia, um homem descrito pela Associated Press como o pai dos suspeitos, Anzor Tsarnaev, disse que Dzhokhar era “um exemplar estudante de medicina e um verdadeiro anjo”. “Meu filho é um verdadeiro anjo”, disse Anzor Tsarnaev da cidade russa de Makhachkala à AP por telefone. “Dzhokhar é um estudante no segundo ano de medicina nos EUA. Ele é um menino tão inteligente, esperávamos que ele viesse aqui nos feriados”, afirmou ainda. A identidade do pai não foi confirmada por fontes oficiais.”Em minha opinião, os serviços especiais armaram uma armadilha para os meus filhos porque são muçulmanos fervorosos”, defendeu.

Rede social – Em uma rede social russa, há um perfil com o mesmo nome de Tamerlan que tecia comentários antiamericanos. “Eu não tenho um único amigo americano, eu não os entendo”, dizia o post. Segundo a CNN, o suspeito morto poderia ter colocado bombas sobre o corpo, o que explicaria ele ter chegado ao hospital com ferimentos causados por uma explosão.

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Segundo a agência de notícias Reuters, Dzhokhar postava links de sites islâmicos e outros pedindo a independência da Chechênia no que parece ser seu perfil em uma rede social russa, apesar de ser impossível de confirmar que se trata da mesma pessoa. A página do suspeito na rede russa VK foi inundada de comentários depois que a identidade de Dzhokhar Tsarnaev foi revelada.

Em seu perfil, o jovem se identifica como formado em 2011 no colégio público de Cambridge Rindge and Latin e lista como línguas faladas inglês, russo e checheno. A sua “visão de mundo” na rede está descrita como “islâmica” e sua “prioridade pessoal” é definida como “carreira e dinheiro”. Ele havia postado links para vídeos de rebeldes na guerra civil síria e páginas islâmicas com títulos como “mundo de Salam, minha religião é o Islã” e “não há outro Deus senão Alá, deixe isso ecoar em seus corações”.

A página também revela senso de humor. Há um vídeo intitulado “Atormentando meu irmão”, no qual aparece um homem parecido com o irmão morto do jovem, Tamerlan, rindo e imitando diferentes sotaques de grupos étnicos chechenos. Dzhokhar até postou uma piada. “Passa um carro com um checheno, um daguistanês e um ingush. Pergunta: quem está dirigindo? Resposta: a polícia”.

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Colegas – Eric Machado, ex-colega do suspeito foragido, disse que ele não mostrava “sinais de comportamento mal-intencionado”. Os dois frequentaram o colégio de Cambridge Rindge & Latin juntos. Ele disse que não sabia de onde Dzkohar era, mas sublinhou que a escola possuía estudantes de etnias variadas.

“Nós fizemos festas juntos, andamos juntos, éramos bons amigos de colégio”, disse Machado. Segundo ele, Dzkohar era um estudante da Universidade de Massachusetts e trabalhava como salva-vidas na Universidade de Harvard. O ex-colega do suspeito disse que ele já havia falado de terrorismo em algumas conversas, mas que “não havia evidências que nos levariam a acreditar que ele seria capaz de fazer algo assim”.

Já a ex-colega Deana Beaulieu, de 20 anos, descreveu Dzhokhar como “um garoto tímido do time de luta do colégio de Cambridge Rindge & Latin”. Em entrevista ao jornal The Post, Deana disse que o suspeito vivia na rua Norfolk com a sua família, incluindo o irmão mais velho e uma irmã. “Ele era muito quieto. Sempre dizem que você deve ter cuidado com os quietinhos”, afirmou.

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Na escola, os colegas não sabiam como pronunciar o nome de Dzhokhar, então o chamavam de Johar, disse a menina. Ela afirmou ainda que nunca o ouviu expressar visões políticas ou religiosas. Segundo uma repórter do The New York Times, colegas de colégio de “Johar” estavam chocados com as notícias. “Ele era um doce, adorável estrela da luta que ganhou prêmios”, tuitou Jodi Kantor.

Caça – A caça ao “suspeito número 2”, considerado “armado e perigoso” pelo FBI, se concentra em um perímetro de 3,8 quilômetros dentro de Watertown, uma localidade de 35.000 habitantes. Os moradores da zona oeste de Boston e de seis cidades vizinhas receberam a ordem de permanecer em suas casas. Todos os serviços de trens e ônibus da cidade foram paralisados por ordem do governador Deval Patrick.

A mobilização policial começou depois que um guarda universitário do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) foi morto em um tiroteio no prédio 32 do campus da instituição em Cambridge, região metropolitana de Boston, na noite de quinta-feira. Em seguida, as ruas foram ocupadas por um grande número de policiais, agentes do FBI e integrantes da SWAT, o esquadrão de operações especiais da polícia americana.

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A polícia localizou os suspeitos após receber a informação sobre o roubo de um veículo, uma Mercedes-Benz preta, em Cambridge. Segundo a agência AFP, o motorista do carro permaneceu com os sequestradores durante meia hora e foi liberado ileso em um posto de gasolina. Os dois suspeitos foram encurralados em Watertown e, usando o carro como barricada, trocaram tiros com a polícia.

Ferido na troca de tiros, o primeiro suspeito foi preso durante a operação e morreu em seguida, já no hospital – a polícia acredita que ele é o mesmo homem que usa um boné preto nas imagens dos suspeitos do atentado na maratona de Boston. A foto de um boné idêntico, tirada após a captura, foi exibida. Além disso, os suspeitos carregavam uma mochila com explosivos, que foram usados no confronto com os policiais nesta quinta-feira.

mapa do local das explosões na maratona de Boston
mapa do local das explosões na maratona de Boston (VEJA)
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