Sudanesa condenada à morte por se casar com cristão é libertada
Corte revogou condenação a enforcamento depois de Meriam Ibrahim dar à luz uma menina na prisão. Caso foi alvo de críticas de vários governos
Uma sudanesa condenada à morte por se casar com um cristão foi libertada nesta segunda-feira. Meriam Ibrahim Ishag estava presa desde fevereiro, com o filho pequeno. Na prisão, ela deu à luz uma menina, antes que sua sentença fosse revogada por uma corte de apelação.
A agência estatal de notícias Suna informou que a corte ordenou a libertação de Meriam e o cancelamento da sentença anterior. O advogado da sudanesa disse que ela já foi liberada e levada para uma casa onde poderá ficar em segurança e protegida. “Sua família já foi ameaçada antes e estamos preocupados que alguém tente feri-la”, disse Mohaned Mostafa à agência Reuters.
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A condenação de Meriam por apostasia resultou em protestos de vários governos ocidentais e organizações de defesa dos direitos humanos, que pediram ao governo islâmico do país que respeite a liberdade de religião. O primeiro-ministro britânico David Cameron e o secretário de Estado americano John Kerry foram alguns dos que se manifestaram contra a condenação.
Filha de pai muçulmano, mas criada pela mãe cristã, Meriam se casou com Daniel Wani, que tem cidadania americana, em 2011. À rede BBC, Wani disse que espera deixar o Sudão com a família o mais rápido possível. Ele mora nos Estados Unidos desde 1998, e conheceu a mulher durante uma visita ao Sudão.
A lei islâmica no Sudão a condenou a 100 chibatadas e ao enforcamento porque seu pai era muçulmano, mesmo ele tendo abandonado a família quando Meriam tinha apenas seis anos de idade. As mulheres são proibidas de se casarem com homens não muçulmanos, enquanto a situação contrária é aceita. Muitos condenados por apostasia no país escaparam da execução ao renegarem sua nova fé.
As tensões entre o governo islâmico e a população cristã do sul do país deu origem à uma sangrenta guerra civil que terminou com a separação do Sudão do Sul, declarado independente em 2011.