Rússia propõe resolução que poupa regime de Assad
Projeto levado à ONU apoia transição com figuras do regime e da oposição
A Rússia apresentou nesta terça-feira ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projeto de resolução sobre a Síria que propõe ampliar em três meses o mandato da missão de observadores da ONU no país árabe, mas não inclui a ameaça de sanções ao regime do ditador Bashar Assad.
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Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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A minuta que a Rússia passou ao Conselho de Segurança solicita aos estados-membros da ONU e a todas as partes envolvidas no conflito sírio que cumpram os pontos incluídos no plano de transição proposto pelo Grupo de Ação para a Síria, que se reuniu em 30 de junho em Genebra, na Suíça.
Integrado pela China, Rússia, EUA, França, Grã Bretanha, Turquia, Liga Árabe, ONU e União Europeia, o grupo propõe a formação de um governo transitório que inclua figuras do regime e da oposição, e inicie a transição para pôr fim ao conflito.
Surpresa – “É toda uma surpresa, um projeto de resolução inesperado”, disse um diplomata do conselho sobre a proposta russa. Segundo ele, os países ocidentais do principal órgão internacional de segurança “seguem trabalhando” em sua própria resolução.
Principal aliado do governo sírio e responsável, ao lado da China, pelo veto de resoluções das Nações Unidas que condenariam o regime de Assad, o governo russo fez circular sua proposta de resolução um dia antes de o enviado especial da ONU para a Síria, Kofi Annan, relatar ao Conselho de Segurança sobre seus recentes contatos com o regime de Damasco para buscar uma saída para a crise que atinge o país há 16 meses.
“A minuta inclui as recomendações de mudança feitas pelo Departamento de Operações de Paz da ONU, mas ao menos precisa ser combinada com algum tipo de pressão real às partes”, afirmou outra fonte diplomática do Conselho de Segurança.
Plano de paz – A mesma fonte indicou que o objetivo da missão da ONU é garantir a implementação do plano de paz de seis pontos elaborado por Annan e que a presença dos observadores internacionais no país “não pode ser o último objetivo” do Conselho de Segurança.
“O Conselho deve responder à situação na Síria em um sentido mais amplo”, acrescentou a mesma fonte, que detalhou que o texto proposto pela Rússia não inclui nenhuma ameaça de sanção ao regime Assad como as contempladas pela Carta das Nações Unidas.
(Com agência EFE)