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População pede saída do governo de transição

Membros são ligados ao presidente deposto Zine el Abidine Ben Ali

Por Da Redação
22 jan 2011, 11h34

Milhares de pessoas saíram às ruas neste sábado em Túnis, a capital da Tunísia, para exigir a renúncia do governo, ainda comandado por autoridades ligadas ao presidente deposto Zine el Abidine Ben Ali. Os manifestantes, incluindo policiais, fizeram passeatas pelo centro da cidade até a sede da maior central sindical da Tunísia.

Muitos policiais uniformizados ou à paisana, até mesmo oficiais em moto, estavam em meio às manifestações. Alguns afirmaram ser “tão tunisianos quanto os outros”. No segundo dos três dias do luto nacional decretado em memória das vítimas da revolução do jasmim – que deixou pelo menos 100 mortos segundo a ONU, vitimados em sua maioria pelos tiros das forças de segurança -, os policiais defenderam a criação de um sindicato para defender seus direitos.

Policiais que protestavam diante da sede de governo bloquearam o acesso ao automóvel do presidente interino do país, Fued Mebazaa, antes de serem afastados sem violência por colegas em serviço. Em Sidi Buzid, na região centro-oeste do país, cidade que foi o berço da revolta popular depois que um vendedor ambulante de frutas cometeu imolação com fogo, policiais também saíram às ruas e afirmaram que eram “vítimas” do antigo regime.

A fuga de Ben Ali veio na esteira de uma série de confrontos de rua entre a população e o exército, ao longo de mais de um mês. O ex-ditador e sua família pertencem ao “clã dos Trabelsi”, cujos membros são acusados da apropriação das riquezas do país, incluindo terras e bens do Estado. Os parentes do presidente deposto foram detidos com joias, relógios e cartões de crédito internacionais. Suas identidades e as circunstâncias das prisões ainda não foram detalhadas, mas todos foram colocados à disposição da Justiça.

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“Nós também somos vítimas dos Trabelsi”, gritaram os policiais. Desde que Ben Ali se refugiou na Arábia Saudita, depois de um mês de revolta popular, a população expressa abertamente o ódio pela polícia, que tem mais de 100.000 homens e era o principal instrumento de repressão do antigo regime.

O primeiro-ministro Mohamed Ghanouchi tentou acalmar a revolta das ruas, já que a população teme que a revolta seja desvirtuada por um governo dominado pelos ministros do gabinete de Ben Ali, e prometeu na sexta-feira que deixará a vida política. “Todas as leis antidemocráticas serão abolidas durante a transição”, afirmou ainda, a respeito das leis eleitorais, antiterroristas e o código de imprensa.

Ghanouchi se comprometeu ainda a preservar o estatuto da mulher, que proíbe a poligamia. Também afirmou que vai manter a gratuidade da educação e o acesso à assistência médica. “Há uma vontade de sair da crise, mas sempre com a mesma incompreensão da magnitude do repúdio manifestado pela população a todos os símbolos do antigo regime”, declarou neste sábado o líder opositor Mustafah Ben Jaafar, dirigente do Fórum Democrático para o Trabalho e as Liberdades.

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Na Suíça, um avião de propriedade de parentes de Ben Ali foi bloqueado no aeroporto de Genebra, depois que as autoridades suíças decidiram congelar os depósitos do ex-presidente e de seus familiares. O governo de transição anunciou que as aulas nas escolas e universidades, suspensas em 10 de janeiro, serão retomadas na próxima semana.

Como uma tentativa de demonstrar a democratização, o governo suprimiu a polícia política das universidades, tradicionais focos de agitação.

(Com agência France-Presse)

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