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PC chinês pune líder conservador e neorrevolucionário

Por Liu Jin
15 mar 2012, 09h31

Um carismático líder do Partido Comunista da China (PCC), Bo Xilai, que ganhou fama tentando reavivar antigos lemas e cânticos revolucionários, caiu em desgraça nesta quinta-feira, em uma punição que revela as lutas internas do regime a poucos meses de uma transferência de comando geracional.

Bo Xilai, de 62 anos, foi destituído de suas funções de secretário-geral do PCC do município autônomo de Chongqing (sudoeste), uma megalópole de 33 milhões de habitantes, informou a agência oficial Nova China (Xinhua).

O anúncio foi feito um dia após o primeiro-ministro Wen Jiabao advertir que o bloqueio das reformas políticas poderia desencadear um caos similar ao da Revolução Cultural, uma gigantesca ofensiva lançada em 1966 por Mao Tsé-Tung contra seus adversários, acusados de seguir a “via capitalista”.

As reformas políticas apontam essencialmente a dar maior transparência e a instituir um Estado de direito neste país de 1,3 bilhão de habitantes, que, graças às reformas econômicas lançadas após a morte de Mao, em 1976, se converteu na segunda maior economia mundial.

Bo Xilai, que anteriormente empenhou a função de ministro de Comércio, era considerado até pouco tempo um firme candidato para ingressar neste ano no Comitê Permanente do Burô Político do PCC, epicentro do poder.

Segundo analistas, Bo se indispôs com a ala liberal do PCC por ter lançado uma campanha contra a corrupção de grande envergadura e com forte carga ideológica.

Converteu-se em um grande incentivador de uma moda “retrô revolucionária”, que incluiu o envio de funcionários públicos para trabalhar no campo (como na época de Mao), a imposição de cânticos revolucionários nas empresas estatais e a difusão de programas televisivos patrióticos.

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Mas o golpe que comprometeria sua carreira veio do escândalo provocado em fevereiro, quando seu ex-chefe de política Wang Lijun, conhecido por seus métodos categóricos na operação “Mãos Limpas”, passou várias horas no consulado dos Estados Unidos na cidade, supostamente para pedir asilo.

O incidente nunca foi esclarecido publicamente e Wang está oficialmente desde então sob investigação judicial.

Para os analistas, Bo já era alvo há tempos dos muitos inimigos que reuniu ao longo de sua carreira.

“Incomodou muita gente poderosa com sua campanha anticorrupção e os liberais com suas canções revolucionárias”, comentou um diplomata ocidental.

Um acadêmico chinês, Guo Yingjie, considerou que a queda de Bo poderia ilustrar uma intensificação da luta entre liberais e conservadores, cujas figuras máximas são, respectivamente, o primeiro-ministro Wen e o presidente chinês e secretário-geral do PCC Hu Jintao.

Bo Xilai era desde 2007 um dos 25 membros do Burô Político do PCC, mas agora perdeu qualquer esperança de chegar à Comissão Permanente desta instância, que substituirá no próximo outono boreal sete de seus nove membros, incluindo Wen e Hu, no âmbito do revezamento geracional.

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Estes líderes também cederão, em março de 2013, suas funções no Governo chinês.

A queda em desgraça de Bo Xilai pode favorecer a ala reformista, segundo os analistas.

Bo Xilai é filho de Bo Yibo, um dos primeiros companheiros de armas de Mao, que, no entanto, caiu em desgraça e sofreu na prisão durante a Revolução Cultural (1966-76). O próprio Bo Xilai foi enviado a trabalhos forçados no campo e sua mãe foi morta a golpes.

Após a morte de Mao e a ascensão de Deng Xiaoping, o pai das reformas econômicas, Bo Yibo foi reabilitado e se converteu em um dos homens mais poderosos da China, o que deu ao seu filho um impecável pedigree revolucionário que até agora havia lhe servido como uma sólida blindagem política.

Em Chongqing, Bo Xilai foi substituído por Zhang Dejiang, um vice-primeiro-ministro, segundo a informação da Nova China, que não deu nenhuma explicação sobre estas mudanças.

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