Cairo, 29 dez (EFE).- O presidente do opositor Conselho Nacional Sírio (CNS), Burhan Goleeon, afirmou nesta quinta-feira que a equipe de observadores que visitou nos últimos dois dias a cidade de Homs, no centro da Síria, foi alvo de disparos, embora os moradores os tenham protegido.
‘Os observadores foram alvo de disparos no bairro de Khalediya e foi o povo sírio quem os protegeu e os acolheu em suas casas’, afirmou Goleeon em declarações à imprensa na sede da Liga Árabe no Cairo depois de se reunir nesta quinta-feira com seu secretário-geral, Nabil el-Araby.
Goleeon não detalhou quem foram os autores dos disparos nem quando aconteceu o fato, que ocorreu durante a estadia dos observadores em Homs, que chegaram à cidade na terça-feira.
O dirigente do CNS defendeu o trabalho dos analistas árabes, mas ressaltou que a missão deveria ter mais membros ‘porque as áreas de violência e enfrentamentos superam o número de observadores’, que chega a 70.
Ele defendeu que ‘a missão deveria ter mais e melhores meios logísticos para se movimentar com mais agilidade e rapidez’.
O líder opositor acrescentou que durante a reunião com el-Araby o secretário-geral prometeu que os observadores vão visitar todas as cidades sírias nas próximas semanas até que terminem um relatório sobre o cumprimento do plano da Liga Árabe para dar fim à crise.
A iniciativa árabe estipula, entre outros pontos, o fim da violência, a retirada das tropas das ruas e a libertação dos presos detidos durante os protestos.
Sobre este último ponto, Goleeon chamou a atenção sobre a situação de mais de 100 mil detidos desde o início das revoltas populares em meados de março.
‘Afirmamos ao secretário-geral que há um grande problema relacionado com os detidos, que são mais de 100 mil, e sobre os quais o regime sírio não falou’, disse Goleeon, para quem muitos presos estão escondidos em centros de detenção militares e em contêineres de navios.
Na sua opinião, Damasco pode executar os detidos para depois afirmar que não estavam em seu poder, por isso, para os opositores é essencial elaborar listas de detidos o mais rápido possível.
‘Espero que este tema desperte interesse porque não podemos deixar os presos submetidos aos caprichos do regime fascista sírio, que pode fazer qualquer coisa’, advertiu.
Além disso, Goleeon disse que o CNS insiste em que o mundo árabe desempenhe um papel importante em solucionar a crise na Síria, e por este motivo desejou que a missão de observadores ‘tenha êxito para aplicar os artigos do plano árabe e faça com que a Síria evite a guerra civil e as intromissões estrangeiras’.
‘O Conselho (CNS) está disposto a oferecer todo o apoio possível aos esforços árabes que têm como objetivo esta tendência para a democracia’, disse.
Durante sua permanência em Homs, os observadores da Liga Árabe confirmaram a existência de violações dos direitos humanos, mas não puderam determinar seus autores, afirmou na quarta-feira uma fonte da organização à Agência Efe.
A equipe de especialistas se prepara agora para visitar outras províncias que também são focos dos protestos, como Idlib (norte), Hama (centro) e Deraa (sul). EFE