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Nazista mais procurado do mundo viveu por 17 anos tranquilamente em Budapeste

Por Da Redação
16 jul 2012, 16h44

O criminoso nazista ainda vivo mais procurado do mundo, o húngaro Laszlo Csatary, de 97 anos, viveu dias tranquilos em Budapeste durante 17 anos, mesmo após a descoberta de sua verdadeira identidade e apesar das informações transmitidas à justiça sobre o seu passado há mais de dez meses pelo Centro Simon Wiesenthal, com sede em Jerusalém.

Csatary, acusado de cumplicidade na morte de 15.700 judeus durante a Segunda Guerra Mundial, foi encontrado em Budapeste, conforme anunciou no domingo o diretor do Centro Wiesenthal, Efraim Zuroff.

No edifício moderno de um sofisticado bairro da capital húngara, há dois nomes em uma caixa de correio: “Csatary/Smith”. Estes são os nomes de uma única pessoa, Laszlo Csatary, o chefe de polícia no gueto judeu da cidade eslovaca de Kosice (Kassa em húngaro, Kaschau em alemão) durante a Segunda Guerra Mundial.

Nesse gueto, cerca de 15.700 judeus foram assassinados ou deportados para o campo de concentração nazista de Auschwitz, na Polônia, durante a ocupação pela Alemanha nazista deste país que era até então a Tchecoslováquia.

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De acordo com documentos dos arquivos do Centro, Laszlo Csatary tratou cruelmente os judeus do gueto. Espancava as mulheres e obrigava as pessoas a cavarem trincheiras com as próprias mãos.

Segundo seus vizinhos, que parecem ignorar o seu passado, Csatary possui um apartamento de dois quartos no quinto andar. “Eu cruzo de vez em quando com este idoso senhor; ele tem vivido aqui há muito tempo”, contou uma vizinha. “Ele não aparece nas reuniões de condomínio, mas sempre pagou suas despesas”, indicou I. Vasarhelyi, um ex-síndico do edifício.

O carro de Laszlo Csatary, um Ford Scorpio cinza escuro, está estacionado na garagem do edifício, observou a AFP.

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Antes de regressar a Budapeste, Csatary, que foi condenado à morte à revelia em 1948 na Tchecoslováquia, refugiou-se no Canadá, Montreal e Toronto, onde, sob uma falsa identidade, foi um negociante de arte. Em 1995, as autoridades canadenses descobriram a sua verdadeira identidade, mas deixaram que ele fugisse para a Hungria. Antes de sua fuga, admitiu aos investigadores canadenses sua participação na deportação de judeus, embora afirmasse que seu papel era “limitado”.

Em abril, o Centro Simon Wiesenthal, nome do famoso caçador de nazistas, um judeu austríaco que morreu em 2005, e cujas investigações em todo o mundo permitiram a descoberta de dezenas de criminosos nazistas, colocou Laszlo Csatary no topo da sua lista de criminosos de guerra nazistas mais procurados do mundo.

Alimentados por informações fornecidas pelo Centro, repórteres do jornal britânico The Sun descobriram o paradeiro do antigo chefe da polícia e conseguiram encontrá-lo. De acordo com o artigo publicado domingo, 15 de julho, no site do Sun, o criminoso de guerra nazista declarou aos repórteres: “Eu não fiz nada, saiam daqui”, antes de bater a porta na cara deles.

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Desde então, Laszlo Csatary já não responde ao toque da campainha.

“A velhice” não pode proteger “os autores do Holocausto”

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Contatado pela AFP, o procurador-adjunto de Budapeste, Jeno Varga, limitou-se a declarar nesta segunda-feira que “examina as informações que nos foram transmitidas, incluindo pela imprensa”.

A França pediu que Budapeste conduza Csatary à justiça, porque “crimes nazistas são imprescritíveis”.

“Acreditamos que os criminosos nazistas, onde quer que estejam, devem responder pelos seus atos perante a justiça”, acrescentou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Bernard Valero, durante uma coletiva de imprensa.

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“O procurador-geral de Budapeste disse que a justiça vai analisar os fatos. Cabe às autoridades húngaras tomar as medidas adequadas neste caso”, acrescentou.

“Este homem está saudável e dirige seu próprio carro”, disse por sua vez Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon Wiesenthal em Jerusalém e autor do livro “Caçador de nazistas”.

Sobre a justiça húngara, ele se mostrou crítico: “Nada foi feito e estou muito frustrado. Com a idade de Csatary, a saúde pode deteriorar-se de um dia para o outro. Temos de agir rapidamente”. “A passagem do tempo não diminui sua culpa e a velhice não pode fornecer proteção para os perpetradores do Holocausto”.

Se ele é considerado o criminoso nazista “mais procurado, é porque existem poucos até hoje ainda em fuga, todos com idade superior a 90 anos”, disse Serge Klarsfeld, presidente da Associação de filho e filhas de judeus deportados da França. “Eu não tenho certeza de que haverá ação legal com este governo conservador” do primeiro-ministro Viktor Orban, acrescentou.

Orban é alvo de críticas por causa de seguidos incidentes antissemitas na Hungria nos últimos meses e uma frouxidão quanto ao envolvimento neste assunto de muitos de seus parentes, incluindo o presidente do Parlamento, Laszlo Kover. Isto levou o Prêmio Nobel da Paz, Elie Wiesel, um sobrevivente do Holocausto, devolver uma condecoração ao governo em 19 de junho.

Dezenas de pessoas se manifestaram no fim do dia ante o prédio de Csatary para reclamar sua prisão, em protesto convocado por uma organização de estudantes judeus.

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