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Na Buenos Aires de Bergoglio, missa e protesto marcam o dia seguinte à nomeação

Argentinos destacam que o papa Francisco, que sempre pregou a igualdade nos seus sermões, vai ser um bom líder para os católicos de todo o mundo

Por Cecília Araújo, de Buenos Aires
14 mar 2013, 20h51

Nos 40 quilômetros que separam o aeroporto internacional de Buenos Aires do centro da cidade, o assunto mais comentado nesta quinta-feira era a eleição do papa Francisco. Mas festa e protesto andam misturados na Argentina, principalmente neste momento em que uma grave crise econômica toma conta do país. No entorno da Praça de Maio, esse contraste podia ser visto claramente. Em frente à Casa Rosada, sindicalistas e trabalhadores seguravam cartazes e batiam tambores contra a presidente Cristina Kirchner para reclamar de salários mais dignos e mais cobertura social. Enquanto isso, na Catedral de Buenos Aires, fiéis católicos se reuniam no simbólico e silencioso centro religioso para mais uma série de homenagens ao novo papa, em uma nova missa.

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Em pouco mais de 24 horas à frente do Trono de Pedro, Francisco conquistou a simpatia e o respeito dos católicos argentinos. “Qualquer papa que nos é mandado será amado. Torci muito para Bergoglio, mas não por ele ser argentino. Pelo carisma dele. Ele é muito simpático, assim como era João Paulo II”, diz Ana Maria Maras, 63 anos, sem disfarçar o choro. A trabalhadora Andrea Velasquez, 65 anos, que se deslocou ao centro de Buenos Aires para um panelaço contra o governo de Cristina, destaca a atuação de Bergoglio em favor dos menos favorecidos. “Sempre escutei seus sermões, em que pedia igualdade”, diz ela. No ano passado, ela acampou na Praça de Maio para protestar contra a presidente e foi amparada pelo então arcebispo de Buenos Aires. “Com muita humildade, ele ajudou todos os manifestantes que precisavam. Enquanto muitos fechavam as portas para nós, ele nos deixou tomar banho no prédio da Catedral, que sempre esteve aberta para os ricos e para os pobres.”

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O aposentado Juan Angelo Barrios, de 76 anos, visitou a Catedral nesta quinta-feira para homenagear o novo papa. “Ele sempre se mostrou muito humilde, por isso mesmo escolheu o nome de Francisco, em referência a Francisco de Assis, que deixou de lado os bens materiais para viver com simplicidade”, discorre. “Quando arcebispo, sempre se colocou como um ser humano igual aos demais.” Barrios, que se mostrou orgulhoso de ter a mesma idade do papa, acredita que ele será um bom representante para os católicos do mundo todo.

A devoção ao papa Francisco em Buenos Aires mostrou que os rumores de que ele teria sido um colaborador da ditadura argentina não passam de uma acusação leviana de Horacio Verbitsky, um ex-terrorista e atual partidário do kirchnerismo – com quem Bergoglio manteve uma relação crítica e dura desde a presidência de Néstor Kirchner. Nesta quinta-feira, o argentino Adolfo Perez Esquivel, de 81 anos, afirmou que Bergoglio não tinha vínculo algum com os militares. Esquivel é referência internacional em defesa da cultura da não-violência na América Latina e no mundo e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1980.

A euforia pelo novo papa ser argentino ainda é marcante nas ruas de Buenos Aires. Todos pedem que Francisco olhe para os países da América Latina, em especial para a Argentina. Mas, aos poucos, as pessoas vão compreender que a real importância de Francisco não está nos limites regionais.

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