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Mladic evita falar em culpa ou inocência no Tribunal de Haia

Pela 1ª vez perante juízes, ex-general diz que acusações contra ele são odiosas

Por Da Redação
3 jun 2011, 07h32

“Preciso de mais de um mês para avaliar as alegações mostruosas que nunca havia escutado antes”, disse o ex-general quando perguntado se era culpado ou inocente das 11 acusações pelas quais responde

O ex-chefe militar servo-bósnio Ratko Mladic não quis nesta sexta-feira se declarar culpado ou inocente das 11 acusações pelas quais responde no Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), que inclui genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade. Quando perguntado a respeito, ele limitou-se a dizer que as suspeitas eram “odiosas” e que precisava de mais tempo para analisá-las.

“Você é um pouco mais velho que eu”, disse Mladic, de 69 anos, ao presidente do TPII. “Gostaria de ler e receber as acusações odiosas que pesam contra mim. Quero ler com meu advogado. Preciso de mais de um mês para avaliar as alegações mostruosas que nunca havia escutado antes”, completou em sua primeira audiência no Tribunal de Haia, para onde foi extraditado na última terça-feira.

Atendendo a seu pedido, os juízes marcaram uma segunda audiência para o dia 4 de julho. Detido em 26 de maio na Sérvia, depois de passar 16 anos foragido, o homem que era apontado como o mais procurado da Europa deve, finalmente na nova data, declarar-se culpado ou não das acusações feitas contra ele.

“Sou o general Ratko Mladic”, respondeu quando o juiz perguntou sua identidade. “Defendi meu povo e meu país”, declarou, enfatizando: “Não matei croatas por serem croatas. Estava apenas defendendo meu país”.

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Ratko Mladic é o mais proeminente procurado por crimes de guerra na região dos Bálcãs
Ratko Mladic é o mais proeminente procurado por crimes de guerra na região dos Bálcãs (VEJA)

Sessão – Mladic é acusado de genocídio pelo massacre de cerca de 8.000 muçulmanos na cidade bósnia de Srebrenica em 1995, e também de vários crimes de guerra e contra a humanidade supostamente ocorridos durante o ataque a Sarajevo. Com aspecto envelhecido, o ex-general escutou com seriedade e durante muito tempo com os olhos fechados o resumo da acusação que o juiz holandês Alphons Orie leu na sala. Mladic, vestido com um terno e camisa cinzas, permaneceu sentado, visivelmente envelhecido e mais magro, muito diferente do homem que ganhou fama nos anos 90, quando sempre usava uniforme militar.

Por fim, falou mais uma vez de sua condição física, definindo-se como “um homem muito doente”, e solicitou aos juízes uma sessão particular para lhes dar detalhes de seus problemas físicos. A saúde de Mladic é uma das principais dúvidas para que o julgamento seja realizado sem atrasos. O TPII assegurou que, enquanto estiver detido em Haia, o ex-militar receberá os melhores cuidados médicos possíveis.

Mladic é acusado de perseguição, extermínio, assassinato, deportação, atos desumanos e sequestro cometidos durante a guerra da Bósnia (1992-1995), que provocou 100.000 mortes e deixou 2,2 milhões de desabrigados.

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Tribunal – Criado em 1993 pela ONU, o TPII funciona segundo as regras de procedimento e de provas básicas do direito anglo-saxão: a fase preliminar do processo permite à defensa tomar conhecimento dos elementos de prova reunidos pela acusação durante a investigação preliminar.

“Levará alguns meses antes que o julgamento comece porque é necessário que as duas partes se preparem”, explicou à agência de notícias France-Presse Frédérick Swinnen, conselheiro especial do promotor do TPII, que destacou a complexidade do caso. O julgamento de Radovan Karadzic, por exemplo, acusado dos mesmos crimes que Ratko Mladic, só começou em outubro de 2009, apesar da detenção ter acontecido em Belgrado em julho de 2008.

Vítimas – Vinte mães de vítimas do massacre de Srebrenica assistiram nesta sexta-feira, no memorial de Potocari, à transmissão pela televisão da primeira audiência de Mladic. “Espero que Deus faça com que queime no inferno”, murmurou uma delas quando o ex-general começou a falar. “É bom que seja julgado, mesmo que tarde. Deveria ter sido levado ao tribunal há muito tempo.”

(Com agências EFE e France-Presse)

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