Maduro mentiu sobre Chávez, diz Capriles ao lançar nome
'Nicolás, eu não vou deixar o caminho livre para você', declarou o candidato de oposição ao chavismo ao confirmar que disputará a Presidência venezuelana
O governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, derrotado por Hugo Chávez nas eleições de outubro do ano passado na Venezuela, aceitou formalmente neste domingo ser o candidato da oposição venezuelana no pleito presidencial de 14 de abril, que foi convocado após a morte de Chávez. “Eu vou lutar com vocês, com todos vocês”, disse Capriles aos venezuelanos em um discurso no qual confirmou sua candidatura e atacou o presidente interino Nicolás Maduro, com quem vai concorrer na disputa pelo Palácio Miraflores. Com palavras duras, Capriles acusou Maduro de mentir ao país por meses sobre a saúde de Chávez e de explorar eleitoralmente a dor dos seguidores do mandatário morto.
Leia também:
Chavistas convocam povo a apoiar Maduro: ‘A luta continua’
“Nicolás mentiu para todos neste país durante os últimos meses”, afirmou. “Quem sabe quando morreu o presidente Chávez?”, acrescentou, ao lembrar que, até a última sexta-feira, o então vice-presidente afirmou que teve uma reunião de trabalho de mais de cinco horas com o falecido governante. O presidente interino também foi criticado por “brincar com a esperança” dos venezuelanos e de estar em campanha há semanas. Capriles disse ainda que durante muito tempo se culpou as pessoas que cercavam Chávez pelas coisas ruins do país e ressaltou que “estas pessoas é o que querem governar, que querem o poder”.
“Tudo isto que está acontecendo, tudo isto foi friamente calculado, quando realizaram as eleições, o cronograma de todo o processo eleitoral”, disse. O governador de Miranda – estado onde fica o distrito da capital Caracas – afirmou ainda que Nicolás Maduro recebeu “cursos de atuação em Cuba” e perguntou se suas “lágrimas são sinceras”.
“Olhem como eles se comportam, abusando do poder, violando a Constituição”, afirmou em referência a duas decisões do Supremo Tribunal: aprovar a posse de Maduro como presidente interino, apesar da Constituição apontar o presidente da Assembleia Nacional, e autorizar a candidatura de Maduro mesmo com a lei prevendo que o presidente interino não pode concorrer. “Me impressiona a forma como aconteceram as coisas em nosso país”, acrescentou Capriles.
Caminho livre – O líder oposicionista prometeu um campanha dura: “Nicolás, eu não vou deixar o caminho livre para você, companheiro. Terá que me derrotar nas urnas e vou lutar com estas mãos por cada voto, custe o que custar”, exclamou Capriles, que assegurou que irá fazer a inscrição de sua candidatura na tarde desta segunda-feira sem nenhum ato de concentração de seguidores, “em respeito ao luto” decretado no país pela morte de Chávez.
O candidato afirmou que quando sair para percorrer o país, a partir da próxima terça, não vai fazê-lo para falar para apenas uma parte da população. “O que tira o meu sono é ver este país unido”, disse. “O que posso oferecer é uma pátria unida. Nicolás não é Chávez”, acrescentou. Capriles também afirmou que nas últimas horas algumas pessoas o advertiram que sua candidatura para estas eleições seria o mesmo que ir para um “matadouro”, mas garantiu querer lutar para resolver os problemas do país. “Esta não é a luta de Capriles, é a luta de todos”, disse.
Leia mais:
Chavistas usarão poder absoluto para vencer, dizem analistas
Com ausência de Chávez, discurso bolivariano perde força
Chávez – Durante o discurso, Henrique Capriles disse que não ia julgar Hugo Chávez. “É preciso agradecê-lo, do mau se encarregará a história”, afirmou. “O presidente Chávez não está, foi uma decisão de Deus. Às vezes fazemos perguntas a Deus e não temos as respostas. Foi uma decisão de Deus e contra as decisões de Deus não podemos fazer nada”, acrescentou.
Capriles garantiu que sua “luta não é para ser presidente, mas pelo bem da Venezuela”. ‘Não se equivoquem que os senhores são os bons e nós somos os maus. Os senhores não são melhores que nós, eu não brinco com a morte, eu não brinco com a dor”, afirmou em recado à cúpula chavista.
(Com agência EFE)