Maduro e oposicionistas acertam reunião para discutir crise
Presidente venezuelano e membros da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) realizaram encontro preparatório nesta terça-feira
Por Da Redação
9 abr 2014, 01h03
O governo venezuelano e representantes da Mesa de Unidade Democrática (MUD), coalizão que reúne grupos opositores da Venezuela, se encontraram nesta terça-feira e acertaram uma “reunião formal e pública” para estabelecer o início de diálogo entre as duas partes em meio a onda de protestos que sacode o país há quase dois meses. O encontro preliminar teve a intermediação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Entre os membros da organização presentes estava o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo.
A delegação da MUD foi chefiada pelo pelo secretário-executivo da coalizão, Ramón Aveledo, e teve ainda a participação de Henri Falcón, governador do Estado de Lara, e o do dirigente Omar Barboza.
Apesar da MUD ser o principal grupo opositor, Aveledo não representou todas as forças do país. Nas últimas horas, figuras como a deputada María Corina Machado, que teve recentemente seu mandato cassado, e o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, afirmaram que não pretendem participar de um “diálogo para fotos” e que só aceitam conversar sob condições, como a libertação imediata de presos políticos e o fim da repressão violenta aos protestos.
Ramón Aveledo, no entanto, disse que o encontro desta terça abriu o caminho “para a possibilidade de um diálogo sincero e sério” e que o acordo foi feito em termos “mutuamente respeitosos”. “Que essa primeira reunião do processo de diálogo ocorra perante toda a Venezuela e perante o mundo, para que ocorra com toda transparência e para que fique perfeitamente claro as posições de todos, as motivações de todos e a sincera vontade de todos”, comentou.
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Protestos – Por sua vez, o líder opositor e ex-candidato presidencial Henrique Capriles afirmou que o diálogo entre a oposição e o governo não significa renunciar aos princípios e ao direito de protesto que tem a população pelos “milhares de problemas sem solução”. “Dialogar significa renunciar a princípios? Quem disse que diálogo significa desistir que nosso povo siga reivindicando seus direitos?”, escreveu Capriles no Twitter.
O encontro entre o secretário e o governo durou um total de quatro horas. Na segunda-feira, Ramón Aveledo havia dito que a MUD estava disposta “a um diálogo verdadeiro, com uma agenda clara, em igualdade de condições e cujo primeiro encontro seja com transmissão ao vivo em cadeia nacional de rádio e televisão”. A declaração foi feita após uma delegação da Unsaul se reunir com dez representantes de partidos opositores. Pouco antes, o presidente Nicolás Maduro havia anunciado publicamente que aceitaria o diálogo.
Os dois lados também acertaram a presença de uma terceira parte para intermediar as conversas. “O Vaticano, que ofereceu sua cooperação”, disse nesta terça-feira o secretário-geral da MUD. Segundo o vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, nas próximas horas será definido quando ocorrerá “uma reunião formal” entre o governo e MUD. Também devem participar um trio formado pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, e os chanceleres do Equador, Ricardo Patiño, e da Colômbia, María Ángela Holguín.
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