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Maduro e líderes da oposição se reúnem – e se atacam

Encontro transmitido ao vivo pela TV, com mediação do Brasil, Colômbia e Equador, teve intensa troca de farpas entre chavistas e opositores

Por Da Redação
11 abr 2014, 03h00

O presidente venezuelano Nicolás Maduro e lideranças oposicionistas se reuniram nesta quinta-feira no Palácio de Miraflores, em Caracas, para iniciar formalmente um diálogo com objetivo de discutir a onda de protestos que há dois meses sacode a Venezuela. O encontro, transmitido ao vivo pela TV local, teve a participação do líder opositor Henrique Capriles, governador do Estado de Miranda e ex-candidato presidencial da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD).

Além de 20 representantes do governo e da oposição, participaram da reunião os chanceleres María Angela Holguín, da Colômbia, Ricardo Patiño, do Equador, e Luiz Alberto Figueiredo, do Brasil – mediadores indicados pela Unasul (União das Nações Sul-Americanas) para o processo de pacificação. Aldo Giordano, núncio do Vaticano na Venezuela, também participou.

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Ao início da reunião, em longo discurso, Maduro disse que está aberto para falar e debater sobre todos os problemas. Mas fez uma ressalva sobre a natureza do encontro: “Aqui não há negociações nem pactos. Buscamos um modelo de coexistência pacífica”, disse. Depois de deixar claro que não iria assumir compromissos, Maduro adotou tom mais agressivo, na esteira da acusação de “golpismo” que fez à oposição desde o início das manifestações contra seu governo. “Imaginem se tivéssemos sido fracos e os protestos me tivessem tirado daqui. Quem colocariam? Com que método o iriam legitimar?”, questionou, para depois afirmar que “representa milhões de pessoas”.

Em sua intervenção, Ramón Guillermo Aveledo, secretário-executivo do bloco opositor Mesa da Unidade Democrática, lembrou as condições desiguais que o governo impõe à oposição nos meios de comunicação, quase todos dominados pelo Estado. “Entre 12 e 26 de fevereiro, o presidente falou em cadeia nacional, em média, de 52 minutos a uma hora. É preciso que o país escute outras vozes”, pediu.

Segundo ele, a agenda da oposição passa por falar sobre a crescente delinquência, a inflação e a atuação de grupos armados que se identificam com o governo. “Vamos falar da economia, da insegurança, da violência, da necessidade do desarme dos coletivos armados”, disse Aveledo. Rebatendo Maduro, o secretário-executivo declarou que o objetivo da reunião é construir uma agenda de trabalho concreta, que não termine apenas com palavras.

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Outro que atacou a indisposição do presidente para negociar foi o deputado opositor Andrés Velásquez, que declarou não ver nenhum otimismo na reunião. “Quero expressar minhas mais profundas reservas a esses diálogos”, afirmou. Ironicamente, Velásquez disse que compartilha da visão dos governistas, que “disseram que aqui não vão negociar nada”. O legislador pediu a Maduro uma discussão para um projeto de lei de anistia em favor dos presos políticos.

Já Henrique Capriles lembrou o controle de Maduro sobre as instituições e a alta ciminalidade. “Nesse país mataram 25.000 venezuelanos no ano passado. Tiveram que assassinar (a ex-miss Venezuela) Mónica Spear para que a morte tivesse nome”, lembrou o governador o caso que comoveu o país. Sobre a acusação de querer derrubar o governo, Capriles assegurou: “Nós não queremos um golpe de Estado e esperamos que ninguém queira”.

Oposição dividida – A nova tentativa de reunir governo e oposição foi negociada nesta semana em um encontro preliminar com a participação de chanceleres da Unasul. Nesta quarta, Henrique Capriles, afirmou que a oposição aceitou conversar com o presidente. “Há quem diga que eu devo ir e outros que eu não devo ir. Mas acredito que, se você tem a verdade nas mãos, tem que defendê-la aonde for. É preciso dizer a verdade ao povo porque este país não vai bem. Ninguém pode ficar calado”, disse.

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A posição de Capriles, no entanto, não é compartilhada por outras lideranças opositoras, como o partido Vontade Popular, que é contrário a qualquer conversa com o governo enquanto (dirigente opositor) Leopoldo López estiver preso. “Não acreditamos em um ‘diálogo’ que o regime está planejando transformar em um show político (…) A nossa organização não endossará nenhum diálogo com o regime enquanto a repressão, as prisões e a perseguição ao nosso povo continuarem”, comunicou o partido.

Figuras como a deputada María Corina Machado, que teve recentemente seu mandato cassado, e o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, também afirmaram que não pretendem participar de um “diálogo para fotos” e que só aceitam conversar sob condições, como a libertação imediata de presos políticos e o fim da repressão violenta aos protestos.

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(Com Estadão Conteúdo, agência France-Presse e EFE)

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