Justiça francesa arquiva acusações contra Sarkozy
Ex-presidente era suspeito de ter se aproveitado de herdeira da L'Oréal para obter recursos para campanha
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi inocentado da acusação de abuso de incapaz envolvendo a herdeira da empresa de cosméticos L’Oréal, Liliane Bettencourt. Um grupo de juízes de Bordeaux, no sudoeste da França, considerou que a acusação contra o ex-presidente era “tênue demais” para motivar sua aceitação por um tribunal, segundo o jornal Le Monde.
Entenda o caso
- • Liliane Bettencourt, 89 anos, é a maior acionista do império de cosméticos L’Oreal e a mulher mais rica da França, com uma fortuna estimada em 16 bilhões de euros.
- • O escândalo explodiu em 2009, quando a partir de uma briga familiar entre ela e a filha, que a acusava de dilapidar a fortuna, vieram à tona mais de 20h de gravações de conversas de Liliane com assessores.
- • Os diálogos mencionavam fraude fiscal, interferência do governo e vínculos com o então ministro de Orçamento, Eric Woerth, tesoureiro de Sarkozy na campanha presidencial de 2007.
- • Woerth é acusado de ter recebido milhares de euros em espécie, o que constituiria financiamento ilegal de um partido político.
Sarkozy havia sido formalmente acusado em março de se aproveitar da senilidade mental de Liliane Bettencourt, hoje com 90 anos, para financiar sua campanha presidencial de 2007. Bettencourt, considerada a mulher mais rica da França, sofre do mal de Alzheimer desde 2006.
O caso Bettencourt, como ficou conhecido na França, estourou em 2010, quando Sarkozy ainda era presidente. Em meio a uma disputa familiar pela herança de Bettencourt que acabou repercutindo na imprensa, surgiram indícios de que funcionários da bilionária responsáveis por administrar sua fortuna repassaram valores para o então tesoureiro da campanha de Sarkozy, Eric Woerth – ele foi posteriormente nomeado ministro do Trabalho.
Em julho de 2012, logo após Sarkozy perder a imunidade presidencial, agentes da polícia francesa chegaram a revistar a casa e o escritório dele em busca de provas.
O arquivamento das acusações pode dar fôlego para o futuro político do ex-presidente, que anda afastado da política desde que deixou a presidência, em maio de 2012, mas continua prestigiado por vários membros do seu partido, a União por um Movimento Popular (UMP), que desejam que ele volte a disputar o comando da França em 2017.
Apesar de Sarkozy ter sido tirado do caso, a Justiça deicidiu manter por enquanto as acusações contra outras dez pessoas envolvidas no esquema, entre elas o ex-ministro Woerth.