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Iranianos são presos por dançarem ‘Happy’ em vídeo

A polícia disse que o vídeo era “obsceno” e “vulgar”. O músico Pharrell Williams e, aparentemente, o presidente iraniano Hassan Rohani condenaram a prisão

Por Da Redação
21 Maio 2014, 12h12
Jovens iranianos foram presos após dançarem a música Happy, do músico Pharrell Williams, em vídeo publicado na internet
Jovens iranianos foram presos após dançarem a música Happy, do músico Pharrell Williams, em vídeo publicado na internet (VEJA)

(Atualizada às 16h)

A internet é, de fato, um campo minado para os cidadãos iranianos. Seis jovens foram presos nesta semana após aparecerem dançando o hit Happy, do músico americano Pharrell Williams, em um vídeo veiculado na internet. Eles foram acusados de produzir “um videoclipe obsceno, que ofende a moral pública e que foi lançando no ciberespaço”, conforme reportou a rede CNN. A justificativa, dada pelo chefe da polícia de Teerã, Hossein Sajedinia, é absurdamente incompatível com as cenas retratadas no vídeo. Assim como no clipe original da canção, os três homens e três mulheres retratados na produção acompanham a música com passos simples e desengonçados, que não representam nenhum tipo de malícia.

Caio Blinder: A patrulha moral contra a moçada

A libertação sob fiança de alguns dos jovens foi anunciada nesta quarta-feira, apesar de não estar claro se todos foram liberados. Uma das jovens que aparece nas imagens, Reihane Taravati publicou uma foto em uma rede social dizendo que ‘está de volta’ e agradecendo a Pharrell e a todos os que se preocuparam com eles. Tanto no vídeo como na foto, ela aparece sem véu, o que vai contra a lei dos aiatolás.

A injustificável prisão dos jovens foi rapidamente repudiada por usuários de redes sociais de todo o mundo. Autor da canção, o vencedor do Grammy Pharrell usou sua página no Facebook para protestar contra as autoridades iranianas. “É muito triste saber que esses jovens foram presos enquanto tentavam espalhar a felicidade”, postou. Reihane Taravati havia publicado em seu Instagram, no fim de semana, uma foto dos dançarinos. “As pessoas de Teerã estão felizes. Assistam a compartilhem nossa felicidade. Deixem o mundo nos escutar, nós somos e merecemos ser felizes”, disse.

O presidente Hassan Rohani, que tem sinalizado para um governo moderado desde que foi eleito, também não pareceu concordar com a prisão dos dançarinos. “Felicidade é o direito do nosso povo. Não deveríamos ser tão duros com os comportamentos que são provocados pela alegria”, disse em seu Twitter. A conta do mandatário é administrada por uma equipe de mídia social.

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No último sábado, Rohani afirmou que os cidadãos iranianos deveriam tirar o máximo de vantagens da internet para se comunicarem, embora o aiatolá Ali Khamenei, responsável por ditar as regras no país, tenha proibido os jovens do país de conversarem entre si pelas redes sociais. “O ciberespaço deve ser visto como uma oportunidade: facilitar as comunicações entre as pessoas, aumentar a eficiência e criar trabalhos. O governo está infeliz com a atual situação. Estamos trabalhando para aumentar a velocidade da internet nas casas dos usuários, nos escritórios e nos celulares”, postou Rohani, no sábado, em seu Twitter.

A agência estatal do país também veiculou a informação de que o presidente defendeu o direito dos iranianos de se conectarem a internet, mas seu governo não passou imune pelas críticas. O Conselho Americano Nacional do Irã, uma ONG sediada em Washington, declarou que “forças dentro do governo iraniano querem manter as pessoas do país isoladas do restante do mundo”. Hamoun Dowlatshah, um cidadão iraniano, foi um dos muitos usuários a pedir na página do músico Pharell no Facebook que a religião islâmica seja dissociada do governo. “Em um país em que religião e política não estão separadas, até a felicidade pode se tornar um crime. Eu amo o Irã, mas odeio seu governo mais do que qualquer outra coisa”.

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A música ‘Happy’, criada para a trilha sonora do filme Meu Malvado Favorito 2, caiu nas graças do público e virou um hit tanto para entretenimento como para protestos. Cariocas fizeram uma bem-humorada versão criticando a cidade que se prepara para receber a Copa do Mundo e, daqui a dois anos, as Olimpíadas. Cidadãos de Paris, Nova York, Londres e de outras cidades do mundo também criaram suas versões em vídeo cantando e dançando a música.

Irã, versão 1

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A teocracia iraniana que impede o acesso livre à internet não perdoou o grupo de seis jovens que gravou e publicou na internet uma versão da música em que garotas dançam alegremente sem véu. A patrulha moral condenou as imagens tidas como “obscenas” e “vulgares” e prendeu os jovens

Irã, versão 2

Vivendo sob um sistema de governo opressivo, os jovens que aparecem nesse clipe estão desafiando os aiatolás e também correm o risco de serem detidos. Mulheres sem o véu islâmico – contrariando a lei – aparecem somente em cenas gravadas em lugares fechados ou na natureza, e nenhum homem aparece dançando em locais movimentados. A polícia moral iraniana não perdoaria tais ‘excessos’.

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Ucrânia

Os protestos contra o presidente Viktor Yanukovich, que rejeitou um acordo com a União Europeia para se aproximar do governo russo de Vladimir Putin, foram tema de um vídeo feito por jovens ucranianos. Apenas no início as pessoas aparecem cantando e dançando. Na maior parte do vídeo, a música foi combinada com imagens das barricadas erguidas em Kiev, manifestantes mascarados, outros usando pedados de madeira como escudo, locais incendiados e muitas bandeiras. Também há espaço para depoimentos de manifestantes definindo sua ideia de ‘felicidade’. Um homem diz que seria poder reencontrar os jovens que morreram nos confrontos. Uma mulher afirma que seria uma Ucrânia “livre, verdadeiramente democrática, uma terra de prosperidade”. Yanukovich foi destituído e fugiu para a Rússia, que lançou seus tentáculos para o país vizinho e anexou a península da Crimeia.

Brasil

Jovens cariocas gravaram um vídeo para denunciar os atrasos nas obras, a criminalidade urbana e os problemas sociais da cidade que receberá a final da Copa do Mundo. Na versão, pessoas cantam e dançam entre montanhas de lixo, em meio ao trânsito parado, diante dos painéis indicano voos atrasados, no metrô lotado, nas filas do bondinho que leva turistas ao Cristo Redentor. Até o caso do  menor preso a um poste foi lembrado. 

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Filipinas

A arrasadora passagem do supertufão Haiyan pelas Filipinas deixou mais de 10.000 mortos e milhares de pessoas feridas e desabrigadas. Um grupo de jovens resolveu gravar um vídeo em meio aos escombros – em uma das cenas mais impressionantes, um rapaz é filmado ao lado de navios cargueiros que foram arrastados do oceano para dentro das cidades. No final, a mensagem ‘nunca desista’ e uma menção à ONU, que fez uma parceria com Pharrell Williams para a comemoração do Dia Internacional da Felicidade, 20 de março, e incentivo à doações para causas humanitárias. 

https://youtube.com/watch?v=5DJ_z59iI0M

Tunísia

O país que foi o berço da primavera árabe também ganhou um vídeo inspirado na canção de Pharrell Williams. A versão foi gravada quando ainda estava em vigor o estado de emergência decretado em 2011, durante as revoltas que provocaram a queda do regime de Zine Ben Ali.

Rússia

No país em que jovens foram presas e condenadas por fazer uma barulhenta apresentação em uma catedral em protesto contra o apoio do patriarca da Igreja Ortodoxa a Vladimir Putin, e onde milícias cossacas espancam as jovens que repetiram o protesto, a gravação de uma versão de ‘Happy’ também pode ser uma iniciativa ‘ousada’.  

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