Irã utilizou site de notícias para espionar EUA e Israel
Hackers se passavam por jornalistas para entrar em contato com funcionários da Defesa dos países e roubarem suas senhas
O Irã criou um falso site de notícias para obter, durante três anos, informações secretas sobre objetivos militares americanos e israelenses por meio de contas hackeadas nas redes sociais, revela um relatório publicado na quinta-feira pela empresa de cibersegurança iSight Partners, que tem sede nos Estados Unidos. Segundo o documento, desde 2011, quando a operação foi iniciada, mais de 2.000 pessoas foram alvo da ação de espionagem, que utilizou como fachada o site NewsOnAir.org. Sob este disfarce, os espiões plagiavam o trabalho de verdadeiros meios de comunicação para “legitimar seu pessoal como jornalista”, utilizando informações das agências de notícias Associated Press e Reuters, e da BBC.
Os ciberespiões se faziam passar por jornalistas para entrar em contato com pessoas ligadas ao setor de Defesa. Em seguida, pirateavam suas contas pessoais no Twitter, Facebook e outras redes sociais roubando as senhas. “A falta de sofisticação era compensada com ousadia, criatividade e paciência” dos espiões, destacou o documento da iSight. De acordo com o The New York Times (NYT), os falsos jornalistas enviavam links maliciosos para suas vítimas, que acabavam baixando, sem saber, programas espiões em suas máquinas, ou os dirigia para telas de login falsas, criadas para roubar os nomes de usuário e senhas.
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Reprodução/iSight Partners
Site iraniano falso de notícias
Os hackers também criavam contas de e-mail falsas utilizando nomes de jornalistas verdadeiros. Em um dos casos relatado pelo NYT, os hackers utilizaram o nome de Sandra Maler, uma repórter da agência Reuters especialista na área de Defesa. Em outros, eles também afirmavam ser funcionários de empreiteiros militares e consultores fiscais. “O fato de o esquema ter sido amplamente ignorado pelas autoridades e pelas pessoas espionadas sugere que os hackers foram muito bem sucedidos nessa abordagem”, disse Tiffany Jones, vice-presidente da iSight Partners.
Segundo o relatório, os alvos eram, principalmente, Estados Unidos e Israel, mas também foram espionados Grã-Bretanha, Iraque e Arábia Saudita. O grupo visava membros das forças armadas, políticos, jornalistas ligados ao governo, diplomatas e funcionários de empresas da área de Defesa, entre outros. O site de notícias estava registrado no Irã, o endereço do IP é iraniano e algumas senhas utilizavam o idioma persa, o que aponta para uma operação de Teerã, conclui o relatório.
Reincidentes – Não é a primeira vez que hackers iranianos incomodam os Estados Unidos e seus aliados no Oriente Médio. De acordo com o jornal, hackers iranianos podem ter infectado pelo menos 30.000 computadores pertencentes à Saudi Aramco, a maior produtora de petróleo do mundo. E no ano passado, autoridades americanas disseram que hackers iranianos estavam por trás de uma onda de ataques a diversas empresas de petróleo, gás e eletricidade americanas.