Hamas e Fatah oficializam acordo de reconciliação no Cairo
Grupos palestinos rivais concordaram em realizar eleições dentro de um ano
Os grupos rivais palestinos Fatah, que controla a Cisjordânia, e Hamas, da Faixa de Gaza, ratificaram nesta terça-feira um acordo de reconciliação que provocou a revolta das autoridades israelenses. O acordo, obtido com a mediação das autoridades egípcias na capital Cairo, abre caminho para a realização de eleições dentro de um ano.
Representantes de 13 grupos assinaram o texto, incluindo os movimentos Jihad Islâmica, Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), Frente Democrática de Libertação da Palestina (FDLP) e Partido do Povo Palestino. O acordo prevê a formação de um governo independente para preparar eleições presidenciais e legislativas simultâneas em até 12 meses, e constitui a primeira etapa para acabar com quatro anos de divisão política entre Cisjordânia e Faixa de Gaza.
“Assinamos o acordo porque, apesar de termos nossas reservas, nos importa sobretudo o interesse nacional”, declarou Walid al-Awad, membro do comitê político do Partido do Povo à televisão egípcia, sem revelar detalhes sobre o que seriam essas reservas. “Os palestinos de Gaza e da Cisjordânia vão celebrar o acordo. Temos que trabalhar para que seja aplicado”, acrescentou.
Encontro – Uma reunião entre o líder do Hamas no exílio em Damasco, Khaled Mechaal, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, deve ocorrer ainda nesta terça-feira. Além disso, Abbas e Mechaal devem participar de uma cerimônia oficial, ao lado do secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, do ministro egípcio das Relações Exteriores, Nabil al-Arabi, e do chefe da inteligência egípcia, general Murad Muafi. A assinatura do acordo aconteceu depois da conclusão de um entendimento em 27 de abril no Cairo entre Azzam al-Ahmad, dirigente do Fatah, e Mussa Abu Marzuk, após mais de um ano e meio de negociações.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu expressou insatisfação: “O acordo entre o Hamas, que pede a destruição do Estado de Israel, e o Fatah só pode causar preocupação aos israelenses e a todos aqueles que, no mundo inteiro, aspiram que se chegue à paz entre nós e nossos vizinhos palestinos”. Ele, que deve viajar em breve a Londres e Paris, pensa em usar o acordo como argumento para convencer as potências ocidentais a não reconhecer um estado palestino independente antes de um acordo com Israel.
(Com agência France-Presse)