Gilad Shalit, um simples soldado que virou moeda de troca
Campanha por libertação de israelense tomou proporções mundiais
Libertado nesta terça-feira após ficar detido por mais de cinco anos na Faixa de Gaza, o sargento Gilad Shalit, de 25 anos, tornou-se uma espécie de moeda na troca por mais de 400 prisioneiros palestinos. O condutor de tanques de guerra com rosto juvenil, preso pelo movimento radical islamita Hamas, retornou para Israel nesta terça-feira depois de passar pelo Egito em troca da libertação de 477 prisioneiros palestinos nas mãos dos israelenses.
Entenda o caso
- • Israel libertou 477 presos palestinos que formam o primeiro contingente de um total de 1.027 que serão soltos, conforme acordo de troca fixado com o Hamas.
- • Em contrapartida, o grupo palestino soltou o soldado israelense Gilad Shali, que era mantido refém desde junho de 2006.
- • Pelo menos 200 prisioneiros palestinos não retornarão a suas casas na Cisjordânia ou Jerusalém Oriental por serem considerados muito perigosos – a maioria cumpre pena perpétua por assassinato.
“Eu espero que esse acordo ajude na realização da paz entre os dois lados, Israel e palestinos”, disse em suas primeiras declarações à televisão egípcia após a libertação.
Gilad Shalit, que também possui nacionalidade francesa, foi capturado no dia 25 de junho de 2006 durante uma operação realizada por palestinos contra um posto militar no sul de Israel, próximo à Faixa de Gaza. Dois de seus companheiros foram mortos, um terceiro ficou gravemente ferido. Seu colete à prova de balas ensanguentado foi encontrado no local da ação. O ataque foi reivindicado por três grupos armados palestinos, entre eles as brigadas Ezzedine Al-Qassam e o braço armado do Hamas.
Depois disso, o retrato do militar de olhar adolescente, apagado e tímido, tornou-se regular na imprensa israelense. Banners, bandeiras e adesivos com seu rosto se espalharam pelo país, testemunhando uma verdadeira causa nacional. Desde sua detenção, ele enviou para Israel outras mensagens, em junho de 2007, fevereiro de 2008, abril e junho deste ano.
Mensagens – Em sua primeira carta, três meses após a captura, ele escreveu para seus pais: “eu desejo a vocês shalom (paz). Meu estado de saúde piora dia após dia, principalmente no plano moral, o que me deixa depressivo”. “Eu espero que este pesadelo insuportável acabe e que eu seja libertado desta cela onde estou preso e isolado antes do meu vigésimo aniversário, que espero poder comemorar com vocês”, acrescentou.
Entretanto, as únicas imagens da prisão de Shalit foram divulgadas apenas em outubro de 2009, quando Israel aceitou libertar 20 prisioneiros palestinos em troca de um vídeo para provar que ele ainda estava vivo. Na gravação de 2 minutos e 40 segundos, o militar aparecia em relativo bom estado, com a barba feita e o cabelo curto, apesar de estar um pouco mais magro e com os olhos escuros. O soldado, promovido a sargento após sua prisão, falou sobre seu “sonho de ser libertado”.
Campanha – Os pais de Shalit, Noam e Aviva, intensificaram os esforços ao redor do mundo para a sua libertação e receberam o apoio de Paris. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, escreveu em junho uma carta ao jovem soldado israelense dizendo que “a França não o abandonaria jamais”. Gilad Shalit foi até nomeado cidadão de honra da cidade de Paris.
Passado – O sargento israelense nasceu em Nahariya, cidade balneária do norte de Israel em 1986, mas cresceu em Mizpe Hila, uma cidade da Galiléia. Esportista, é um bom jogador de basquete e fã do ciclismo, principalmente do Tour de France, o qual acompanha regularmente pela televisão. Antes de sua captura, ajudava seus pais na gestão de uma pousada em Mizpe Hila.
(Com agência France-Presse)