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Funeral de opositor tunisiano é marcado por confrontos

Premiê insiste em novo governo tecnocrata, mesmo com a rejeição do Ennahda

Por Da Redação
8 fev 2013, 17h02

Cerca de 40.000 pessoas, segundo a polícia, acompanharam nesta sexta-feira na capital da Tunísia o funeral do opositor Chokri Belaid, convertido em uma manifestação contra o poder islamita. Apesar do grande dispositivo policial e militar, ocorreram confrontos entre manifestantes, que incendiaram carros diante do cemitério, e policiais, que responderam lançando gás lacrimogênio e dando tiros para o alto, em uma tentativa de conter a multidão.

Belaid era secularista e adversário ferrenho do governo liderado por islamistas ditos ‘moderados’, eleito em outubro de 2011. Também dirigia o Partido dos Patriotas Democratas, integrado à aliança “Frente Popular”. Até o momento não se sabe quem foi o autor do crime, mas opositores acusam o partido governista, o Ennahda, de envolvimento no caso. O partido nega ter qualquer ligação com a morte e aponta pessoas interessadas em “tirar do rumo a transição democrática no país”.

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A Tunísia passou a ter novos governantes depois da revolta que levou à derrubada de Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro de 2011. Na cidade de Sidi Bouzid, Mohamed Bouazizi, um universitário com pós-graduação, ateou fogo ao próprio corpo em desespero depois que a polícia confiscou seu carrinho de frutas, que operava sem licença. A morte de Bouazizi desencadeou protestos que derrubaram o presidente.

No centro de Túnis, policiais perseguiram com cassetetes e também lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra dezenas de jovens que gritavam “Vão embora, vão embora!”, mesmo grito ouvido durante a revolta de 2011.

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“O povo quer a queda do regime”, gritou a multidão na entrada do cemitério de El Jellaz. “O povo quer uma nova revolução”, “Ghannushi assassino”, “Ghannushi, pegue seus cachorros e vá embora!”, também gritavam, referindo-se ao líder do partido Ennahda. Segundo o Ministério do Interior, 132 pessoas foram presas na capital.

A segurança foi reforçada na capital e também nas cidades de Zarzis (sul), Gafsa (centro) e Sidi Buzid, berço da revolução de 2011, especialmente nos arredores dos principais prédios do governo. Nestas cidades e em outros pontos do país, centenas de pessoas protestaram com gritos de “Assassinos” e “Chokri descansa, continuaremos seu combate”.

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Novo governo – Em meio às manifestações, o primeiro-ministro Hamadi Jebali insistiu nesta sexta que manterá a decisão de formar um novo governo tecnocrata, apesar da desaprovação de seu partido, o Ennahda. “A composição desse governo está quase pronta”, afirmou.

Ele havia anunciado o novo governo não-partidário na última quarta, mas o partido se opôs à proposta, dizendo que a direção não foi consultada. A Presidência lembrou que qualquer mudança no poder deve ser aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte, colegiado no qual o Ennahda possui 89 de 217 assentos. Jebali discorda, e diz que a aprovação da assembleia não é necessária.

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Greve – O funeral do opositor foi realizado em meio a uma greve geral convocada por partidos políticos e pela União Geral Tunisiana do Trabalho (UGTT). A paralisação provocou o cancelamento de voos no aeroporto de Túnis-Cartago, o principal do país. Supermercados, lojas e outros estabelecimentos também ficaram fechados em diversas cidades.

A greve, a primeira desta amplitude desde a queda de Ben Ali, ocorre em um contexto econômico e social de tensão. O comércio em declínio com a zona do euro, que está em crise, faz com que muitos tunisianos tenham dificuldades para alcançar o padrão melhor de vida que almejavam após a derrubada de Ben Ali. As manifestações se multiplicaram nas últimas semanas devido ao desemprego e à miséria, dois fatores chave da revolução.

A morte de Belaid também agravou a crise política no país, expondo as fissuras entre os membros do Ennahda ditos ‘moderados’, reunidos em torno de Jebali, e um grupo alinhado com o líder histórico do partido, Rashed Ghannushi.

(Com agência France-Presse)

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