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Fantasma do terror assusta Londres, mas não Elizabeth II

Rainha inicia visita inédita à Irlanda mesmo depois das ameaças de bomba

Por Giancarlo Lepiani, de Londres
17 Maio 2011, 07h24

Ela permaneceu em Londres durante a blitz nazista na II Guerra Mundial e enfrentou décadas de atrito e violência sectária em seu reino. Não seria uma ameaça de bomba que impediria a rainha Elizabeth II, 85 anos, quase 60 no trono, de realizar uma histórica visita à Irlanda, nesta terça-feira. É a primeira vez em exatos 100 anos que um monarca britânico viaja à região – e a primeira vez que um ocupante do trono chega à Irlanda desde a sua independência. O avô de Elizabeth, George V, foi o último a visitar o país, em 1911 (quando, porém, a Irlanda era parte do Reino Unido). Apesar dos fortíssimos sinais de que grupos radicais planejam algum ato de terror para manchar a visita, a rainha não mudou sua programação, acompanhada por um inédito esquema de segurança.

Já no começo da manhã desta terça, um artefato explosivo improvisado foi encontrado e detonado por especialistas militares em Maynooth, a 15 quilômetros de Dublin. Houve ainda uma nova ameaça de bomba em Londres. Na segunda, a cidade viveu momentos de desconforto e apreensão em função das suspeitas de bomba, uma delas próxima de Trafalgar Square. O Mall, via que leva à entrada do Palácio de Buckingham, permaneceu fechado enquanto a Scotland Yard e a Polícia Metropolitana investigavam uma das ameaças. A passagem de um trio de viaturas policiais em alta velocidade pela Regent Street, perto de Piccadilly Circus, à tarde, assustou as pessoas. Numa enorme loja da Apple, na mesma rua, os turistas faziam fila para usar os computadores e procurar notícias sobre as ameaças.

Significado – De acordo com os policiais que vigiavam a Trafalgar Square no começo da noite, todas as forças de segurança britânica estavam em alerta informal – sabia-se, é claro, que existia uma ameaça de bomba, mas o nível de vigilância referente às atividades terroristas dos republicanos irlandeses não foi oficialmente elevado. Na manhã desta terça, o Palácio de Buckingham informou que os planos da rainha seguiam inalterados. A visita, que deverá durar quatro dias, terá um fortíssimo esquema de segurança, com cerca de 4.000 policiais e militares. Elizabeth foi convidada a visitar o país pela presidente Mary McAleese, que deve receber a rainha em sua residência oficial, em Dublin. Mas esse não é o momento mais aguardado da viagem, cujo roteiro inclui lugares de grande significado.

A rainha visitará, por exemplo, um memorial de guerra em Islandbridge, deixando uma coroa de flores em homenagem aos 254 mortos na Revolta da Páscoa (1916), um dos principais levantes republicanos contra o domínio britânico. Elizabeth também irá ao estádio Croke Park, onde 14 torcedores e jogadores foram mortos por tropas britânicas na guerra pela independência da Irlanda, em 1920. No começo de seu reinado, uma visita como essa seria absolutamente impossível. Mas o momento é considerado positivo para a viagem, uma boa oportunidade para consolidar o novo relacionamento entre Londres e Dublin após os acordos sobre a Irlanda do Norte, nos anos 1990. Ainda existe, é claro, intenso ódio à monarquia entre boa parte dos irlandeses. Isso, porém, não deve tirar o sono de rainha.

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