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Ex-jogador de críquete quer acabar com regime talibã ‘em 90 dias’

Por Da Redação
3 jul 2012, 21h27

P. Miranda.

Islamabad, 3 jul (EFE).- O ex-jogador de críquete Imran Khan se apresenta como a revelação das próximas eleições legislativas no Paquistão, previstas para o final do ano, com uma mensagem populista baseada na promessa de acabar com a insurgência talibã ‘em 90 dias’.

‘Temos que lutar contra a insurgência sozinhos. O exército paquistanês atuou como mercenário dos americanos contra seus próprios cidadãos, por isso há grupos que declararam a ‘jihad’ (guerra santa) contra as Forças Armadas’, assegura Khan em entrevista à Agência Efe.

Segundo ele, a luta contra os fundamentalistas ‘pode terminar em 90 dias se conseguir o apoio da população local, mas para isso é preciso romper com a chamada guerra contra o terror dos ocidentais’.

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O Paquistão passou uma década imerso em uma encruzilhada estratégica por seus próprios interesses regionais e seu apoio à intervenção dos Estados Unidos no Afeganistão após o 11/9, o que por sua vez acendeu o fogo da insurgência fundamentalista nativa.

Apesar da grave situação de segurança interna, Khan responde com um amplo sorriso à pergunta de como negociar com alguém que – como alguns líderes talibãs paquistaneses – afirma ter como objetivo único a imposição da lei islâmica (ou ‘sharia’).

‘O objetivo de todo muçulmano é viver segundo a lei islâmica. Embora uma pessoa sem educação das montanhas possa ter uma visão diferente, por exemplo, da do grande poeta Iqbal (ideólogo da criação do Paquistão)’, reconhece Khan.

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O mais famoso lançador de críquete da breve história do Paquistão foi durante anos mais conhecido por suas conquistas esportivas e suas contínuas relações amorosas do que por suas inquietações sociais, até que em 1996 se lançou à carreira política.

Após anos figurando como um personagem que não transformava sua grande popularidade em crédito político, Imran Khan enfrenta agora as próximas eleições com grande confiança ‘porque os paquistaneses’, acrescenta, ‘já decidiram que querem a mudança’.

‘Tivemos nossa ‘primavera paquistanesa’ há cinco anos, e ela lembra muito as primaveras árabes porque foi um movimento levantado contra um ditador (Pervez Musharraf) e um Governo que não representava o povo’ diz Khan, a ponto completar 60 anos.

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Para o líder do Movimento pela Justiça (‘PTI’), seu partido é a continuação daquela primavera, ‘que foi sequestrada pelas formações do ‘status quo”, e adverte que ‘o povo não quer voltar atrás nem no Oriente Médio nem no Paquistão’.

‘Vamos arrasar nas próximas eleições’ diz Khan, que não evita a comparação com Zulfiqar Ali Bhutto, o fundador do Partido Popular, que em 1970 venceu as eleições com esse partido recém criado, embora depois tenha caído vítima de um golpe.

Como Bhutto, Khan reuniu centenas de milhares de pessoas em comícios por várias cidades do país, e assegura que são seus seguidores, muito numerosos entre os jovens pobres do país, e não os poderes fácticos que vão ocupar o poder.

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‘O papel dos militares não é governar o país’, diz Khan com seu habitual tom pedagógico e quase messiânico, que atribui à falta de legitimidade dos Governos o fato de as Forças Armadas terem regido o país durante mais da metade de sua história.

‘O Exército não pode se opor a um Governo realmente eleito pelo povo. Nenhum deles nas últimas décadas foi realmente fruto da escolha do povo’, diz Khan.

Um dos primeiros pontos de sua agenda de Governo é o diálogo franco e aberto com os EUA para replantar as relações bilaterais – com o resto da comunidade internacional ‘não é preciso, pois fazem o que Washington diz’ – e a chamada guerra contra o terror.

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Khan renega a ajuda internacional ‘porque traz contrapartidas e o Paquistão foi envolvido em uma guerra – a afegã – que não é a sua e que lhe custou 40 mil vidas e cerca de US$ 70 bilhões, mais que o triplo da ajuda recebida’.

‘Temos que recuperar a dignidade, e o que faz um povo digno é a capacidade de se manter sozinho. É preciso acabar com a corrupção, aumentar a arrecadação, diminuir as despesas e viver de acordo nossos recursos’, diz Khan em sua mansão nos arredores de Islamabad.

‘Desde a revolução iraniana de 1979, Ocidente está assustado, e então se equivocou ao apoiar um ditador, como fez depois repetidamente. No Egito, agora pela primeira vez os ocidentais apoiam o povo e por isso não há antiamericanismo’, afirma.

‘Na realidade, o que o mundo muçulmano quer é o mesmo que os cidadãos ocidentais, coisas como democracia, trabalho, educação, império da lei e liberdade de expressão’, assegura Khan. EFE

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