EUA, UE e Rússia chegam a acordo inicial para frear crise na Ucrânia
Pacto prevê o desarmamento de grupos ilegais e a desocupação de prédios invadidos por militantes russos. Os manifestantes serão anistiados por Kiev
Por Da Redação
17 abr 2014, 15h18
Um acordo inicial sobre a crise na Ucrânia foi firmado nesta quinta-feira após o secretário de estado americano, John Kerry, a chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, se encontrarem na cidade de Genebra, na Suíça. De acordo com o jornal The Guardian, os termos do pacto preveem o desarmamento de grupos ilegais, a desocupação de prédios públicos, praças, ruas e espaços públicos ocupados por militantes pró-Moscou no leste ucraniano e a garantia de que Kiev concederá anistia a todos os manifestantes, exceto aqueles considerados culpados de crimes contra a vida. Kerry, no entanto, pontuou que os Estados Unidos não hesitarão em aplicar novas sanções econômicas à Rússia se as medidas não forem cumpridas nos próximos dias.
A reunião definiu que a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) seguirá com uma missão de monitoramento das ações das tropas ucranianas nas cidades que tiveram edifícios do governo tomados por militantes pró-Rússia. “Eles têm um papel especial em assessorar as autoridades ucranianas na imediata implementação das medidas elaboradas para coibir a tensão. Os Estados Unidos, União Europeia e Rússia estão comprometidos em apoiar esta missão, o que inclui o envio de monitores”, destacou Kerry. Para Lavrov, o acordo “nos dá esperança de que os Estados Unidos e a União Europeia estão sinceramente interessados em uma cooperação trilateral com a Rússia.”
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Mesmo com a aparente conciliação, Kerry sinalizou que as sanções econômicas contra Moscou serão endurecidas caso o acordo não surta efeitos, embora tenha dito que “não veio aqui para ameaçar ninguém”. “Algumas medidas devem ser vistas já nos próximos dias”, afirmou o secretário. Catherine endossou o discurso de Kerry e recordou que “as eleições livres e justas do dia 25 de maio são a melhor maneira de as pessoas expressarem” suas preferências. “Nós estamos comprometidos com a união, soberania e integridade territorial ucraniana.”
Quanto os 40.000 soldados russos na região fronteiriça com o leste ucraniano, que, segundo a Otan, poderiam invadir o país em apenas doze horas, Kerry afirmou que confia na promessa russa de cooperar com o controle da crise. “Eles indicaram que já retiraram um batalhão desta área. Nossa esperança é de que isso continue acontecendo conforme as etapas forem cumpridas. O pacto reflete medidas concretas ‘iniciais’. Não estamos enxergando este documento como uma medida completa para frear a tensão.”
Lavrov, inclusive, reforçou o posicionamento de que a Rússia não tem o interesse de lançar uma ofensiva militar contra a Ucrânia. “Não temos o desejo de inserir nossas tropas dentro da Ucrânia, onde nossa fraternal nação vive. Não existe um número excessivo de soldados russos na Ucrânia ou nenhuma outra medida que viole qualquer tratado internacional”, disse. Após a anexação da Crimeia ao território russo, Washington acusou Moscou de estar por trás da invasão de prédios públicos no leste europeu. Lavrov, no entanto, negou as alegações e provocou as forças ucranianas que foram enviadas à região. “A única diferença é que nossos soldados não são usados contra as próprias pessoas. E os ucranianos foram mobilizados por uma ordem ilegal de suprimir um protesto em massa”, acrescentou.
Putin – Antes de um pacto ser alcançado entre as partes, o presidente russo Vladimir Putin criticou o governo interino da Ucrânia por promover um “abismo” nas negociações de paz. “Em vez de perceberem que há algo errado com o governo ucraniano e tentar um diálogo, eles fizeram mais ameaças de força. Esse é outro gravíssimo crime cometido pelos atuais líderes de Kiev”, declarou. “Espero que eles possam perceber o abismo para o qual as atuais autoridades estão arrastando o país”, completou o mandatário, que descreveu como “lixo” as acusações de que agentes russos estariam agindo clandestinamente no leste ucraniano. Segundo a rede Al Jazeera, no entanto, Putin admitiu pela primeira vez que tropas de Moscou sem uniformes oficiais do Exército agiram na Crimeia antes do referendo popular que culminou em sua anexação ao território russo.
(Com agência Reuters)
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