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EUA descobrem plano de colaboração entre Afeganistão e Talibã

O governo afegão tentava firmar um pacto secreto para ajudar os terroristas na guerra contra o Exército do Paquistão e obter vantagem em negociações de paz

Por Da Redação
30 out 2013, 06h09

Os serviços de inteligência dos Estados Unidos desmantelaram um plano de colaboração mútua entre o governo do Afeganistão e os terroristas do Talibã paquistanês que teria como objetivo enfraquecer o Exército do Paquistão na luta contra os insurgentes. Segundo o jornal The New York Times, as conversas entre as duas partes encontravam-se em estágios preliminares e seriam movidas pelo desejo dos afegãos em orquestrar uma vingança contra os vizinhos. A principal intenção seria causar danos ao governo paquistanês, que, segundo fontes oficiais afegãs, teria apoiado a insurgência de radicais islâmicos contra o presidente Hamid Karzai.

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O plano foi descoberto após os Estados Unidos capturarem o número dois do Talibã, Latif Mehsud, durante uma viagem na província de Logar, ao leste do Afeganistão. O guerrilheiro encontrava-se dentro de um comboio afegão. Publicamente, o governo disse que o insurgente era um emissário de paz. Mas, segundo um importante membro da segurança nacional do Afeganistão, o guerrilheiro era responsável por liderar as conversas sobre o pacto com o Talibã. “Era uma oportunidade de trazer a paz com base em nossas próprias condições”, disse. Caso os terroristas ganhassem a dianteira da guerra contra o Exército paquistanês, o Afeganistão poderia obter vantagem em futuras negociações de paz com o Paquistão.

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Os Estados Unidos acreditam que o Afeganistão tomou esta iniciativa após Washington não conseguir convencer o Paquistão a interromper o uso de militantes para desestabilizar os seus vizinhos. Além disso, os americanos ficaram preocupados com a situação em que o país poderia se encontrar, já que um acordo firmado neste ano determinou que a Otan irá transferir a segurança nacional do país para as autoridades afegãs. Como o Talibã paquistanês é aliado a Mullah Muhammad Omar, o fundador da célula afegã, o governo estaria automaticamente beneficiando os guerrilheiros que provocaram o caos no país nos últimos anos.

“No que eles estavam pensando?”, indagou um funcionário do serviço de inteligência dos Estados Unidos. “Se eles pensavam que nós aprovaríamos uma atitude dessas, porque eles mantiveram tudo em segredo?”, acrescentou outra fonte. A descoberta das conversas deixou o presidente Karzai furioso com a interrupção do progresso que teria sido feito pela inteligência afegã. Um porta-voz do mandatário, Aimal Faizi, admitiu que Mehsud manteve contato com o Diretório de Segurança Nacional “por um longo período”. “Ele estava cooperando. Ele estava comprometido conosco. Isso eu posso confirmar”, afirmou. Faizi só não deixou claro qual era a natureza da cooperação que o terrorista exercia com o governo afegão.

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Os funcionários afegãos ouvidos pelo The New York Times disseram que a divulgação das negociações servirá como um alerta para o Paquistão. Um dos entrevistados declarou que o Afeganistão iniciará novas conversas assim que tiver a oportunidade. Questionados sobre a possibilidade de uma aliança com o Talibã ser uma ameaça para a continuidade do governo democrático que foi instaurado após a eleição de Karzai, os afegãos rebateram dizendo que até os Estados Unidos se uniram a pessoas acusadas de crimes de guerra para combater a insurgência islâmica na região. “Todo mundo tem a sua própria visão. É nisso que estamos pensando. Algumas pessoas disseram que nós precisamos tomar decisões próprias.”

Os indivíduos citados pelos afegãos seriam integrantes do alto escalão do Exército americano e membros de operações da CIA. As autoridades americanas teriam dito que o Afeganistão poderia agir por conta própria contra o Talibã paquistanês, o que foi interpretado pela inteligência do país como um sinal verde para se aproximar de Mehsud. Após negociações que duraram meses, o Afeganistão prometeu ao terrorista que não iria mais caçar os guerrilheiros, desde que as forças de segurança do país não fossem atacadas. Um funcionário americano, no entanto, disse que “nunca houve nenhuma possibilidade” de os Estados Unidos encorajarem o Afeganistão a trabalhar com o Talibã ou tomar qualquer decisão que pudesse resultar em ataques contra as forças paquistanesas ou civis.

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