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Estratégia equivocada de Putin na Ucrânia deve expor fragilidade russa

Forças militares russas não podem ser medidas tecnicamente com as ocidentais

Por Da Redação
4 mar 2014, 18h54

A Rússia vem aumentando sua presença militar na região da Crimeia, enquanto países ocidentais deixam clara sua preocupação a respeito. Mas a investida na Ucrânia, que poderia ser uma demonstração de força, pode acabar ressaltando a fraqueza de Moscou, como apontou o colunista de política internacional do Washington Post, David Ignatius. Em artigo, ele afirma que “quanto mais a Rússia prossegue com dificuldade em sua estratégia revanchista, piores se tornam seus problemas”. O colunista faz referência à nostalgia da Rússia pelo passado soviético e à falta de entendimento de que “o centro de gravidade da ex-União Soviética mudou para o oeste”.

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Ignatius adverte que o erro de cálculo de Putin ainda pode piorar o cenário, com as tropas russas sendo levadas mais para dentro da Ucrânia, preparando o terreno para uma guerra civil. “Esse é o tipo de erro que pode levar a consequências catastróficas”, escreveu o colunista, destacando que americanos e europeus devem interromper a violação russa à “ordem internacional” (leia a íntegra, em inglês).

O professor Evert Vedung, especialista em União Europeia e professor emérito de ciência política da Universidade de Uppsala, na Suécia, diz que o Kremlin não tem força para iniciar uma guerra com o Ocidente – que também não quer um conflito com a Rússia. “Nos últimos anos, Putin deu início a um considerável rearmamento das forças russas, mas esse rearmamento começou de um ponto muito baixo. As forças russas não podem ser medidas tecnicamente com as ocidentais. A Rússia não tem capacidade de iniciar uma guerra”, diz Vedung ao site de VEJA. (Continue lendo o texto)

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Na avaliação do especialista, o pior que poderia ocorrer neste momento seria as tropas russas tentarem invadir a região da bacia de Donetsk, no extremo leste da Ucrânia. “Esta região é altamente industrializada. Foi muito importante nos tempos soviéticos para todo o país. [Uma invasão] aumentaria o risco de uma guerra aberta”, diz Vedung.

Nesta terça-feira, Putin concedeu uma entrevista coletiva em que cogitou o uso da força como “último recurso”. Mas o líder russo não deve dar um passo muito arriscado, avalia Tatiana Kastouéva-Jean, especialista em Rússia do Instituto Francês de relações internacionais. Em entrevista ao jornal Libération, ela disse que o presidente russo ocupa a Crimeia “para obter algo e assim poder negociar”. A especialista lembra que a Rússia foi contra a intervenção militar na Síria com base na defesa da soberania dos Estados. “Mudar de doutrina pela Crimeia colocará Putin em uma contradição que poderá se voltar contra ele no futuro.”

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Tatiana também destacou fatores que levam o Kremlin a se dedicar tanto à questão da Ucrânia, como o temor de que o país fechasse um acordo com a União Europeia – que acabou sendo recusado pelo presidente deposto, Viktor Yanukovich, em novembro, dando início à crise. O acordo autorizaria, por exemplo, a passagem de mercadorias europeias para a Rússia através da Ucrânia, o que aumentaria a concorrência com os produtos russos (leia a entrevista na íntegra, em francês).

Em editorial, o jornal The New York Times ponderou que, apesar de haver muito a se criticar na forma como o governo ucraniano foi deposto, nada justifica a reação russa. “Os Estados Unidos e a União Europeia possuem poucos instrumentos eficazes além da força militar, que não é uma opção, para compelir o presidente Putin a recuar, mas eles devem deixar claro que ele ultrapassou muito os limites do comportamento civilizado, e que isso tem um alto preço para as relações econômicas e internacionais”.

Mapa da Crimeia
Mapa da Crimeia (VEJA)
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