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Espanha tenta se reerguer elegendo o premiê conservador

Mariano Rajoy, do PP, jogou a última pá de cal sobre a administração desastrosa de Zapatero, que não soube poupar o país dos efeitos da crise na zona do euro

Por Gabriela Loureiro
21 nov 2011, 07h27

“O grande ganho dessa eleição é uma maioria consolidada que sinalizou o compromisso de levar a cabo uma série de reajustes para que a Espanha não seja um foco de instabilidade na zona do euro.”

Rafael Cortez, analista político

Fim de festa. Depois da vitória esmagadora sobre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de José Luiz Rodríguez Zapatero, é a hora do Partido Popular (PP) arregaçar as mangas e articular um plano eficiente para tirar a Espanha do atoleiro da crise econômica. Foi por falhar nessa missão que o atual premiê viu sua legenda sofrer a pior derrota de toda a era democrática no país, perdendo cerca de 4 milhões de votos: das 350 cadeiras da Câmara dos Deputados, os conservadores conquistaram a maioria absoluta, 186, enquanto os socialistas precisam se contentar com apenas 110 (o restante foi dividido entre os partidos menores). Líder do PP e pronto para assumir o cargo de primeiro-ministro, Mariano Rajoy não venceu o pleito pela habilidade de emocionar multidões, porque ele não é do tipo que desperta empatia – e até seus colegas de legenda admitem isso. O que o levou ao poder foi a falta de paciência da população com o fraco governo de Zapatero e a esperança de que uma guinada à direita pode salvar a economia.

“Todos os efeitos econômicos da crise geraram um custo, e o governo sempre é responsabilizado. No caso da Espanha, foi o PSOE, o que abriu espaço para um candidato que não é uma figura carismática”, diz o analista político Rafael Cortez. Rajoy sabe disso e, como não poderia deixar de ser, destacou a recessão em seu primeiro discurso após eleito: “A Espanha é uma grande nação e o melhor são os espanhóis, 46 milhões de espanhóis que vão combater a crise. Deixaremos de ser um problema para voltar a fazer parte da solução”. O político de 56 anos vem de uma família influente da região de Galícia, noroeste do país. Antes de conquistar a liderança do PP, em 2004, já havia sido ministro de cultura, educação e interior, bem como vice-premiê. Seus críticos o chamam de chato e ambíguo, mas seus defensores preferem destacar sua fama de “nervos de aço”. Conservador, rígido e pragmático, é o extremo oposto de seu antecessor. Compare a posição de Rajoy e Zapatero sobre os principais assuntos do país no quadro abaixo:

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Propostas – Há quem acuse Rajoy de ter escondido detalhes de suas propostas para não afugentar eleitores, mas ele garante que levará adiante a reforma dos bancos e adotará medidas de austeridade. Na quinta-feira, o agora premiê anunciou que será necessário fazer cortes em tudo – exceto na previdência – para cumprir a exigência europeia de redução do déficit a 4,4% do PIB. Ele recebe como herança de Zapatero um país com 3 milhões a mais de desempregados do que quando o PP deixou o Executivo, em 2004, e uma economia estagnada. Para reverter esse cenário, será preciso mesmo recorrer ao corte do setor público e à limitação do endividamento para todas as administrações. Ele também tem planos de conceder incentivos fiscais para o reinvestimento dos lucros empresariais, estimular as contratações em pequenas e médias empresas e ajudar as companhias a cobrar dívidas pendentes com as administrações públicas. “No final das contas, ele deve estar preparando um pacote de austeridade que vai acabar com o estado de bem estar social que o PSOE defendeu nos últimos anos”, analisa o professor de Relações Internacionais do Ibmec, Leonardo Paz Neves.

Apesar de ser grande a probabilidade de insatisfação da população frente a esses cortes, Neves acredita que a revolta será mais contida, porque esse tipo de atitude já é esperada de um premiê conservador. “Além do mais, ele vai ter um período de ‘lua de mel’ para lidar com as questões mais impopulares”, ressalva o professor. Conta a favor dele, ainda, a maioria absoluta no Parlamento, o que lhe garante um apoio indispensável para levar qualquer projeto adiante. “O grande ganho dessa eleição é uma maioria consolidada que sinalizou o compromisso de levar a cabo uma série de reajustes para que a Espanha não seja um foco de instabilidade na zona do euro”, avalia Rafael Cortez. Isso será importante, também, para que Rajoy enfrente a missão – nada simples – que de recuperar o país interna e externamente. “Sem dúvida, é a combinação de um ambiente econômico muito ruim, e com duas demandas opostas: ele tem de tomar medidas que finalizem o compromisso fiscal de minimizar o endividamento do estado espanhol e, por outro lado, tem uma forte demanda social para a retomada do crescimento econômico. O principal desafio é encontrar o equilíbrio entre ambas”, destaca o analista.

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