Em meio a caos político, Egito inicia 2º turno das eleições
Disputa será entre ex-aliado de Mubarak e candidato da Irmandade Muçulmana
O segundo turno da histórica eleição presidencial do Egito começou neste sábado, quando cerca de 50 milhões de pessoas são aguardadas para comparecer às urnas e escolher o primeiro presidente democraticamente eleito no país. Os egípcios optarão entre o ex-premiê Ahmed Shafiq, antigo membro da ditadura de Hosni Mubarak, e o islamita Mohammed Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, egípcios iniciaram, em janeiro, sua série de protestos exigindo a saída do então presidente Hosni Mubarak.
- • Durante as manifestações, mais de 800 rebeldes morreram em choques com as forças de segurança de Mubarak que foi condenado por premeditar essas mortes.
- • Após 18 dias de levante popular, em 11 de fevereiro, o ditador cedeu à pressão e renunciou ao cargo, deixando o Cairo; em seu lugar assumiu a Junta Militar, que segue no poder até o fim das eleições.
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O pleito acontece sob o caos político provocado pela decisão, na quarta-feira, do Tribunal Constitucional de anular a composição do Parlamento atual, dominado pelos islamitas. A medida, baseada em uma brecha na lei eleitoral, foi descrita pela Irmandade Muçulmana e por forças políticas do movimento revolucionário como um verdadeiro “golpe de estado” orquestrado pelos militares no poder. O Tribunal também cancelou a lei que impedia Shafiq de concorrer à Presidência por causa de sua ligação com o antigo regime.
Resultados – Os egípcios deverão escolher entre Mursi e Shafiq em uma votação que será realizada hoje e amanhã, e que contará com a supervisão de mais de 14.000 juízes divididos em cerca de 13.100 colégios eleitorais de todo o país. No domingo, após o fechamento das urnas, começa a apuração dos votos, mas os resultados definitivos só serão conhecidos até o dia 21 de junho.
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Na frente dos colégios eleitorais do centro do Cairo se veem filas ordenadas de pessoas esperando para votar. Um dos eleitores egípcios, Tareq Mohammed, de 62 anos, contou para a agência Efe que deve votar em Shafiq, porque o considera “um homem bom, forte e não tem relação com o islamismo”. Há também um grande número de indecisos, como a eleitora Amal Abdala, de 33 anos, que deixará a escolha para o último momento. “Não sei em quem vou a votar. Vou decidir quando estiver na frente da urna, porque não gosto de nenhum dos dois”, lamentou.
(Com agência EFE)