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Eleições legislativas mostram sociedade dividida

Pleito pode ser um teste para a popularidade de Chávez

Por Mariana Pereira de Almeida, de Caracas
26 set 2010, 19h41

Mais de 100.000 militares foram às ruas para garantir a tranquilidade em 12.000 postos de votação

O taxista Humberto Chacón já acreditou nas promessas do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Mas decepcionou-se, e hoje é um ferrenho opositor do caudilho.”Você acha que se o Chávez fosse bom, este humilde taxista estaria reclamando? Eu não sou dono de TV, nem de empresa, mas estou descontente com o governo”, diz. Assim como Chácon, muitos eleitores do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) se desiludiram com a política por causa da piora na situação econômica e do aumento da criminalidade no país. Nas zonas eleitorais de Caracas, o que se viu foi uma sociedade dividida: os que amam e os que odeiam Chávez, apesar de o ditador não estar concorrendo nas eleições legislativas deste domingo, onde 165 deputados serão escolhidos para a Assembleia Nacional. O pleito polarizado pode ser, portanto, um teste para a popularidade do presidente e é certamente uma chance de a oposição ganhar espaço depois de boicotar as eleições de 2005.

Na favela Petare, a maior da América Latina, cartazes de candidatos da oposição dividiam espaço com os dos rivais bolivarianos. “Chávez é autoritário, um ditador que não legisla para todos”, disse o professor universitário Jesus Navarro, que estava na fila debaixo do sol havia quatro horas por causa da falha em uma das urnas eletrônicas. “Vou ficar aqui até votar. Eu quero mudanças, quero diversidade na Assembleia Legislativa”.

Neiseli Navarra e sua mãe, Sobeida Barreto
Neiseli Navarra e sua mãe, Sobeida Barreto (VEJA)

Mudança é também o desejo da estudante de Comunicações Neiseli Navarra, de 18 anos, que votava pela primeira vez.” A maioria dos meus colegas vai votar contra o partido de Chávez por causa do fechamento de emissoras no país”, contou ela, referindo-se às medidas arbitrárias do ditador, censurando a mídia.

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Protestos como estes contrastavam com o velho discurso bolivariano, com que Chávez tenta há mais de uma década doutrinar a população. “Sou chavista até morrer”, disse o cozinheiro Antonio Gonzalez. “Eu votar no PSUV porque acredito no processo bolivariano”, acrescentou José Martinez, que trabalha com litografia.

Em outro reduto chavista, no oeste de Caracas, no entanto, universitários temiam revelar que pretendiam votar na oposição. “Há muito chavistas aqui”, ponderou o estudante de publicidade Kenny Martinez, que tem dois irmãos trabalhando para o governo. “Não podemos dizer que vamos votar contra Chávez, afinal isso pode terminar em briga. Aqui não se respeitam opiniões”, afirmou a colega de Martinez, Diana Magalhães.

Já a engenheira de telecomunicações Natália Fernandez é mais radical. A jovem, que mora no bairro nobre de Altamira e trabalha em uma emissora de TV a cabo americana, diz que vai sair do país se a oposição não ganhar espaço na Assembleia Nacional. “Não aguento mais não poder trabalhar porque não tem eletricidade e tenho medo que minha empresa resolva fechar sua filial por causa das atitudes de Chávez”, disse ela sobre a crise elétrica e as ameaças do caudilho contra empresas estrangeiras no país.

Tranquilidade – Apesar da polarização nas eleições legislativas, tanto fiscais do governo quanto membros da oposição disseram que os poucos incidentes registrados durante o dia foram controlados. Mais de 100.000 militares foram às ruas para garantir a tranquilidade em 12.000 postos de votação. Cerca de 17 milhões de pessoas estavam inscritas para votar.

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